A juíza Gabriela Hardt, que comanda a 13ª Vara Federal de Curitiba após a ida do ex-juiz Sergio Moro para o Ministério da Justiça, deverá decidir se manterá os quatro na prisão ou se discordará do Ministério Público Federal.
No pedido apresentado à magistrada, os procuradores afirmam que Marice arrecadou "significativas quantias de vantagens indevidas" para o PT em razão do empreendimento da Torre Pituba, localizada em Salvador, na Bahia. Construído com recursos da Petros, fundo de pensão dos funcionários da Petrobras, o imóvel foi superfaturado pelas empreiteiras Odebrecht e OAS, segundo os investigadores.
De acordo com o MPF, Marice teria recebido pessoalmente os valores em sua residência. Parte das vantagens indevidas foi entregue por Alberto Youssef. Em um dos recibos de solicitação para doação, no valor de R$ 270 mil, consta o nome de Marice como beneficiária e, ao lado, "A pedido de JV", o que, para os procuradores, é uma referência a João Vaccari.
Em seu depoimento, Marice Correa disse desconhecer José Nogueira, representante da OAS no empreendimento da Torre Pituba. Contudo, segundo a força-tarefa, a quebra do sigilo telefônico de Marice indica um relacionamento direto com ele. Ao todo, os dois ligaram 10 vezes em três meses durante 2012, sete delas no mesmo dia.
"Portanto, há elementos mais do que suficientes indicando a necessidade da prisão preventiva de Marice Correa", afirmam os procuradores.
Além dela, a força-tarefa também pediu a prorrogoação indefinidamente das prisões de Rodrigo Barreto, Valdemir Garreta e William Chaim.
O marqueteiro Valdemir Garreta atuou como publicitário do PT e, segundo o MPF, também funcionou como operador do partido, tendo arrecadado valores de propinas pagas pela Odebrecht em razão da construção da torre.
De acordo com os investigadores, Garreta teria sido responsável por receber R$ 973 mil da empreiteira. No curso da Lava-Jato, dizem os procuradores, Garreta teria vendido três propriedades entre 2016 e 2017, após a deflagração da 23ª fase da Operação (Acarajé), em que foram cumpridos madados de prisão contra João Santana, ex-marqueteiro do PT.
Na casa de Garreta, o MPF afirmou que foram encontrados duas folhas que continham relatórios com informações pessoais e que, em uma delas, um dos indivíduos tem endereço comercial na Superintendência da PF em São Paulo.
"Assume especial gravidade o fato de que uma dessas pessoas investigadas seria funcionário da Polícia Federal", diz a força-tarefa.
Além dos quatro, o MPF pediu a suspensão da prisão temporária de outros nove envolvidos e a sua substituição por medidas alternativas.
Dimitrius Dantas, O Globo