Na eleição desta terça-feira (7), o Partido
Democrata conquistou a maioria da
Câmara dos Representantes dos Estados
Unidos pela primeira vez em oito anos.
Com isso, o resultado das eleições
legislativas significa uma derrota parcial
para o presidente Donald Trump, já que
o seu partido, o Republicano, vai ampliar
sua vantagem no Senado, de acordo
com projeções.
Até o ponto atual da apuração, os
democratas elegeram 220 deputados e
republicanos, 193. Na legislatura anterior,
os democratas tinham 193 e os
republicanos, 235.
Já no Senado, os democratas
conseguiram 43 vagas, que se somam
a 2 de independentes que acompanham
o partido nas votações, enquanto os
republicanos obtiveram 51 vagas até o
momento atual da apuração. Na
legislatura anterior, os republicanos
tinham 51 senadores a 47. Como a
apuração segue e as projeções indicam
que os republicanos irão conseguir mais
assentos, sua bancada irá aumentar.
Câmara dos Representantes dos EUA: como era e como fica — Foto: Arte G1
Senado dos EUA: como era e como fica — Foto: Arte G1
As “midterms” (eleições de meio de mandato)
desta terça (6) definiram uma nova Câmara
(435 deputados) e renovaram um terço do
Senado, além de mais de 75% dos governos
estaduais.
Os democratas tomaram ao menos 26
assentos dos republicanos, em estados como
Pensilvânia, Flórida, Colorado, Kansas, Nova
Jersey, Nova York e Virgínia.
Mulheres
Em uma eleição marcada por um número
significativo de candidatos jovens, mulheres
e de minorias étnicas e sexuais, o
desempenho feminino foi destaque.
Até a manhã desta quarta-feira, 92 mulheres
tinham sido eleitas para a Câmara,
superando o recorde anterior de 84, de
acordo com o "The Guardian".
Já no Senado, 10 foram eleitas, elevando
o número total de senadoras para 23. A
Casa possui 100 cadeiras, sendo que 35
delas estavam em disputa.
Alexandria Ocasio-Cortez (Nova York), de 29
anos, membro da ala esquerda do Partido
Democrata, foi eleita deputada e se tornou a mais jovem no Congresso.
Duas muçulmanas na Câmara
As democratas Ilhan Omar (Minnesota) e
Rashida Tlaib (Michigan) são as primeiras
muçulmanas eleitas para o Congresso.
Ilhan Omar, deputada eleita do Partido Democrata nos aEUA — Foto: REUTERS/Eric Miller
Ilhan Omar, que teve 78,2% dos votos no 5º
distrito de Minnesota, nasceu na Somália e
chegou ao país como refugiada. Quando
ela tinha apenas oito anos, a sua família
fugiu de uma guerra civil que dilacerou o
país africano. Eles passaram quatro anos
no Quênia e, depois, pediram refúgio nos
Estados Unidos.
Já Rashida Tlaib tornou-se a primeira
mulher de origem palestina a se eleger
na Câmara. Ela venceu com 88,7% dos
votos no 13º distrito do Michigan.
Rashida Tlaib, filha de palestinos, tenta uma vaga no Congresso dos EUA pelo 13º distrito de Michigan — Foto: Rebecca Cook/Reuters
Duas indígenas
Duas mulheres são as primeiras de origem
indígena a se elegerem para a Câmara.
Deb Haaland venceu pelo 1º do Novo
México com 59,1% dos votos. Membro
da tribo Laguna Pueblo, Haaland é uma
ativista de longa data que fez campanha
pelo impeachment de Trump.
Sharice Davids, advogada e ex-lutadora
de MMA, venceu pelo 3º distrito do
Kansas. Também é a primeira deputada
lésbica eleita pelo estado. Ela nasceu
na tribo Ho-Chunk Nation, de Wisconsin.
Senado
Das 35 cadeiras disputadas no Senado,
os republicanos ampliaram sua vantagem
para 51 enquanto os democratas
conseguiram obter 45 assentos.
Os democratas foram forçados a defender
dez cadeiras em estados pró-Trump.
Resistiram na Virgínia Ocidental e em
Nova Jersey, mas perderam no
estado-chave de Indiana, no Missouri
e na Dakota do Norte, terras
conservadoras.
Os republicanos conquistaram uma
vitória valiosa ao manterem a vaga de
Ted Cruz no Texas, apesar dos milhões
de dólares gastos para apoiar o astro
democrata Beto O'Rourke.
Senador republicano norte-americano Ted Cruz fala durante
a comemoração da sua eleição em Houston, no Texas (EUA),
na noite de terça-feira (6) — Foto: Cathal Mcnaughton/ Reuters
Câmara: revés ou sucesso?
O resultado da eleição, que era vista
como uma espécie de referendo sobre
o governo atual, pode ser analisado
como uma derrota parcial para Trump
já que o seu partido contava maioria
nas duas casas até as “midterms”
(eleições de meio de mandato)
desta terça (6).
O presidente americano minimizou o
revés e disse que foi um “tremendo
sucesso” embora o resultado possa
mudar a dinâmica política do país na
etapa final do seu mandato.
Para o colunista do G1 Helio Gurovitz,
a comemoração faz sentido: "O placar
democratas gostariam", avaliou.
No entanto, a maioria conquistada é
suficiente para rejeitar qualquer iniciativa
legislativa do Executivo e até para
denunciar o presidente em um processo
de impeachment (nos Estados Unidos, a
denúncia exige maioria simples na
Câmara; a condenação, dois terços no
Senado), segundo análise de Gurovitz.
G1