A Mini anuncia para o ano que vem o lançamento de seu primeiro carro totalmente elétrico: o Mini E. Mas enquanto a novidade não chega às linhas de produção, a empresa resolveu dar uma amostra de seu futuro usando um modelo do passado. No embalo do Salão de Nova York, que terminou no último domingo, a marca britânica levou para demonstrações pelas ruas de Manhattan um Mini 1998 “movido a baterias”.
O clássico modelo projetado por Alec Issigonis há 60 anos ainda é a base perfeita para um elétrico eficiente: diminuto para caber em qualquer vaga, leve para não desperdiçar energia, ágil no trânsito pesado e, por fim, muito gostoso de dirigir.
Inglês com sotaque alemão
Apesar de ter sido levado a Nova York pela própria Mini, o carro nasceu da iniciativa particular do colecionador alemão Moritz Burmester. Foi ele quem encomendou a conversão para o uso de eletricidade à Lorey Maschinenbau, empresa que vem se especializando em transformações desse tipo, na cidade de Offenbach. O trabalho teve início em janeiro e demorou duas semanas.
O ponto de partida deste exemplar único adaptado artesanalmente foi um Mini Cooper Mk VI, ano 1998 (o clássico modelo da British Motor Corporation foi produzido entre 1959 e 2000). Tudo o que não seria mais necessário foi eliminado: o motor a gasolina de 1.275cm³ e 63cv, os canos de escape, o tanque, o banco traseiro...
No cofre dianteiro entrou um motor elétrico. Este foi ligado à caixa de câmbio original por meio de duas polias e uma correia dentada de borracha. Aí, um problema: nos antigos Mini, motor e câmbio tinham um sistema de lubrificação em comum, compartilhando o mesmo óleo (como nas motocicletas). O jeito foi selar a transmissão.
O pacote de baterias de lítio-ferrofosfato — com vida útil maior que as de íon-litio convencionais — ocupa o espaço do assento de trás. Assim, este Mini tem apenas dois lugares. A tomada para recarga fica na traseira, onde antes estava o bocal do tanque. Os construtores afirmam que o peso total ficou em 770kg (pouca coisa acima do original).
Por fora, o carro é totalmente “de fábrica”, com o visual de briga das versões Cooper. Isso inclui a pintura vermelha com teto e faixas no capô prateados, alargadores de para-lamas, além de quatro faróis auxiliares — referência estética aos Mini tricampeões do Rali de Monte Carlo na década de 60. Já os logotipos foram trocados por um “E”, que sugere uma tomada. Esta marca deverá ser usada nos Mini elétricos produzidos em série.
Segundo o dono do carro, o motor elétrico tem potência máxima de 40kW (o equivalente a 54cv). Por prudência, foi “contido” para render apenas 28kW (38cv), enquanto testam a durabilidade da correia dentada que une o motor ao câmbio.
Os três pedais foram mantidos, mas é possível sair da imobilidade em segunda marcha e mantê-la engrenada por todo o tempo em que o carro for usado na cidade. Nos sinais vermelhos, não é preciso pôr o câmbio em ponto morto — basta tirar o pé do acelerador.
Sinal verde, e a arrancada é de um modelo esportivo. Lembre-se que os elétricos têm seu torque máximo disponível já a 1rpm... E lá vai o carrinho zumbindo (é um “zuuiiiiiiinnn”), qual nave espacial de filme de ficção científica.
No painel, um mostrador digital traz as principais informações da bateria, que permite uma autonomia de somente 100 quilômetros. A recarga leva quatro horas em uma tomada de 220 volts.
A máxima é de apenas 120km/h, mas a combinação de motor elétrico com o comportamento dinâmico de kart dos antigos Mini deve ser excitante no trânsito e em estradinhas sinuosas. Já a suspensão bem travada e os pneus 175/50 R13, desproporcionalmente largos para o pequenino hatch, não combinam com pisos irregulares.
Mercado crescente
No Salão de Frankfurt do ano passado, a Mini mostrou o futurista Electric Concept, protótipo do carro elétrico que lançará em 2019, usando componentes do BMW i3.
O interesse nesse mercado é grande: nos dois primeiros meses de 2018, foram vendidos 12.567 carros 100% elétricos ou híbridos plug-in no Reino Unido. O número é 18,7% superior ao do mesmo período do ano passado, enquanto o mercado geral de veículos caiu 5,1%, segundo a Society of Motor Manufacturers and Traders, a Anfavea local. Que o novo Mini E venha zunindo manter as tradições de carros divertidos da marca!