Com O Globo e agências internacionais
TORONTO - Os ministros das Relações Exteriores do G7 vão criar um grupo de trabalho para estudar o "comportamento maligno" da Rússia, anunciou o chanceler britânico, Boris Johnson, em encontro nesta segunda-feira em Toronto, no Canadá. O G7, que com as ascensão da China ao posto de segunda maior economia do mundo perdeu a relevância que já teve em outros tempos, é formado por Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha, França, Itália, Canadá e Japão.
As tensões entre a Rússia e o Ocidente têm aumentado nos últimos anos, com o envolvimento de Moscou na guerra civil na Síria, em lado oposto ao favorecido pelas potências ocidentais, e seu apoio a rebeldes separatistas na Ucrânia. Por causa da questão ucraniana, a Rússia foi excluída em 2014 das reuniões do G7 (chamado então de G8).
Além disso, o governo britânico acusa a Rússia pelo ataque com um agente químico contra o ex-espião russo Sergei Skripal, na Inglaterra, no início de março.
Johnson disse que os chanceleres do G7, reunidos em Toronto, concordaram com a necessidade de ser vigilante sobre a Rússia, que nega envolvimento no ataque a Skripal.
"O que decidimos ontem foi que íamos criar um grupo do G7 que analisará o comportamento maligno da Rússia em todas as suas manifestações, seja na guerra cibernética, na desinformação, nas tentativas de assassinato, seja lá o que for", disse ele a repórteres.
No entanto, na mesma reunião, o ministro de Relações Exteriores da Alemanha, Heiko Maas, disse a jornalistas que o G7 pedirá formalmente a Moscou que contribua para resolver a crise na Síria, onde a Rússia e o Irã apoiam o presidente Bashar al-Assad.
"Não haverá solução política na Síria sem a Rússia. A Rússia deve contribuir com sua parte para tal solução", disse Maas.
A reunião do G7 é o primeiro encontro de alto nível dos aliados desde que Estados Unidos, França e Reino Unido lançaram 105 mísseis contra supostas instalações de produção e armazenamento de armas químicas na Síria, em retaliação a um também suposto ataque com agentes químicos que teria ocorrido em 7 de abril em Douma, nos arredores de Damasco. O ataque, não comprovado, foi denunciado pelos Capacetes Brancos, organização de defesa civil que atua em áreas controladas pela oposição armada na Síria e que tem o apoio dos países ocidentais, incluindo o Reino Unido.
Os países ocidentais culpam Assad pelo ataque que teria matado pelo menos 42 pessoas. O governo sírio e a Rússia negam envolvimento e tem sugerido que as cenas que mostrariam o uso de armas químicas podem ter sido encenadas.
APELO POR ACORDO COM IRÃ
No encontro em Toronto, Maas, o ministro do Exterior alemão, também disse que os líderes da França e da Alemanha farão um apelo ao presidente dos EUA, Donald Trump, para que não se retire do acordo nuclear entre o Irã e as grandes potências, firmado durante o governo de Barack Obama.
Trump deu aos signatários europeus do acordo o prazo final de 12 de maio para resolver as "terríveis falhas" do documento, ou ele se recusará a estender a suspensão de sanções dos EUA ao Irã.
O acordo oferece a Teerã o fim das sanções, em troca do compromisso de não buscar a fabricação da bomba atômica. Johnson, o ministro britânico, também defendeu a manutenção do tratado.
"Nós admitimos que o comportamento iraniano foi desestabilizador na região, admitimos que o presidente (Trump) tenha alguns pontos válidos que precisam ser abordados, mas acreditamos que eles podem ser tratados (dentro do acordo)", disse Johnson.