Chegou a 61.619 o número de mortes violentas intencionais registradas no Brasil em 2016, crescimento de 3,8% em relação ao ano anterior. Significa sete pessoas assassinadas por hora, segundo dados inéditos do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, divulgados nesta segunda-feira (30).
A taxa de mortes violentas foi de 29,9 assassinatos por 100 mil habitantes. No Nordeste, ainda maior. Os três Estados com maiores taxas são Sergipe (64), Rio Grande do Norte (56,9) e Alagoas (55,9).
As taxas de homicídios vinham se estabilizando até 2014, nas contas do fórum, mas voltaram a crescer em 2015 e 2016.
"A violência se espalhou para o país todo. É hoje um problema nacional, faz com que o país se sinta amedrontado", diz o diretor do Fórum, Renato Sérgio de Lima.
Os pesquisadores destacam a ausência de um sistema nacional que consolide e padronize as informações de segurança pública, uma vez que muitas vezes faltam informações do perfil das vítimas nos boletins de ocorrência.
"A gente vive, na área da segurança e da Justiça, um apagão estatístico", afirma Lima. "Se o dado não existe, como estamos fazendo política pública? Porque a política pública depende de informação."
FEMINICÍDIO
Nas capitais, houve redução de 4,3% no total de mortes. Ainda assim, esses crimes cresceram em 14 dos 27 Estados. Entre as mulheres, foram 4.657 assassinatos, 533 deles registrados como feminicídio.
Além de homicídios dolosos, foram 2.703 mortos em latrocínios. As maiores taxas são em Goiás (2,8 por 100 mil habitantes), Pará (2,7) e Amapá (2,4).
Outros 4.224 foram mortos em ocorrências policiais. No mesmo período, foram assassinados 437 policiais.
"61 mil mortos é o que a gente tem de mais obsceno", na avaliação da diretora do Fórum Samira Bueno. "É muito sofrimento para uma nação isso estar em segundo plano. Como a gente não priorizou essa agenda com tanta gente morrendo?"