segunda-feira, 30 de outubro de 2017

Risco Lula, maior ladrão do Brasil: Dólar fecha com alta de 1,2%, a R$ 3,28; Bolsa cai 1,54%

Marina Brandão e Rennan Setti - O Globo com Scott Eells / Bloomberg News


Após recuo de mais de 1% na sexta-feira por causa de especulações sobre a sucessão no Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA), o dólar voltou a subir contra o real nesta segunda-feira. A moeda americana registrou valorização de 1,17%, cotada a R$ 3,283. Na máxima, chegou a valer R$ 3,286. Diferentemente das semanas anteriores, porém, a divisa não acompanha o cenário internacional, já que o Dollar Spot, índice que acompanha a moeda americana frente a uma cesta de outras dez moedas, cai 0,25%.

Na Bolsa, o índice de referência Ibovespa caiu 1,54%, a 74.800 pontos, impactado pelo mau humor dos mercados americanos com rumor de que o Congresso americano estaria avaliando uma adoção gradual do plano tributário de Trump e, no cenário doméstico, com a pesquisa Ibope que mostrou o ex-presidente Lula na liderança da corrida presidencial, com cerca de 36% dos votos em qualquer cenário. Segundo o índice, ele iria com Bolsonaro para 2º turno, e pré-candidatos tidos como pró-reformas — defendidas pelo mercado — continuarim em baixa, com cerca de 4% e 8% de intenções de voto.

De acordo com Pedro Galdi, analista da Magliano, o pregão local é afetado por um conjunto de fatores.

— É um pouco de tudo. Lá fora, é nesta semana que o Trump vai decidir quem vai escolher para o Fed, e o mercado acredita mais na possibilidade de o Taylor, considerado mais agressivo, ser indicado. Isso tem impacto no fluxo de investidores. Internamente, há incerteza no cenário político, apesar de a semana ser esvaziada, com feriado, Temer doente, e o Maia viajando. Mas permanecem as dúvidas acerca da possibilidade de aprovarem reformas — disse Galdi. — A pesquisa eleitoral gera parte da aversão a risco sim, mas acho prematuro avaliar o cenário eleitoral quando sequer sabemos quem, de fato, será candidato.

Raphael Figueredo, analista da Eleven Financial Research, credita o mau humor dos investidores a um movimento de correção de preços.

- O mercado está queimando a gordura que acumulou no mês, e o fato de estarmos perto do fim de mês contribui para a realização de lucros dos investidores. O fluxo sai da Bolsa e acaba indo para o dólar - afirmou o especialista.

Acrescentou volatilidade ao câmbio a aproximação da Ptax — taxa de referência apurada pelo BC junto aos bancos — de fim do mês, com o feriado na quinta-feira. A aproximação da data de escolha do novo presidente do Federal Resreve, que será na quinta-feira, também acrescentou nervosismo entre os agentes financeiros.

Na Bolsa, o principal destaque é das ações da Braskem, que dispararam 11,96% (R$ 53,25), depois de a agência de notícias Dow Jones publicar que o grupo holandês Lyondellbasell fez uma oferta para aquisição da petroquímica brasileira. Segundo a publicação, a oferta poderia avaliar a Braskem em algo "bem acima dos US$ 10 bilhões". 

No fechamento de sexta-feira, a Braskem valia na Bolsa US$ 11,4 bilhões.

Foi a maior alta da ação desde dezembro passado. Na máxima da sessão, o papel chegou a avançar 14,25%.

- O ponto relevante é que a empresa, que foi citada na Lava-Jato, poderia passar por uma grande reviravolta com essa possível aquisição. É nesse sentindo que a empresa ganha valor - afirmou Figueredo.

A siderúrgica CSN caiu 3,17%, depois de a companhia divulgar balanço financeiro auditado do quarto trimestre de 2016 e números mão auditados do três primeiros trimestres de 2017. 

A CSN não divulgava resultados trimestrais desde o fim de 2016. O balanço desagradou analistas, com o BTG Pactual recomendando a venda do papel porque a geração de caixa da companhia, que foi de R$ 1,21 bilhões. ficou abaixo do esperado

As ações da Vale recuaram 0,61% (ON), enquanto a Gerdau registrou perda de 2,84%, em dia de queda do minério de ferro (2,21%, a US$ 58,75).

O petróleo opera em alta, com o barril do tipo Brent cotado acima dos US$ 60, com a expectativa de que a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) vai manter os cortes de produção ao longo de 2018. O Brent avança 0,46%, a US$ 60,72 o barril.

Apesar da valorização da commodity, a ação ON da Petrobras perdeu 0,28%, enquanto a PN caiu 1,46%.

Em Wall Street, as Bolsas recuaram com a frustração dos investidores com notícia dizendo que o Congresso americano estaria considerando uma adoção gradual do plano de corte de impostos de Trump, que vinha alimentando otimismo no mercado financeiro nas últimas semanas. O Dow Jones recuou 0,36%, enquanto o S&P 500 perdeu 0,32%.

Na Europa, o índice Ibex 35, de Madri, disparou 2,44% depois de o governo espanhol ter assumido o controle da polícia e da burocracia catalã e ter processado líderes separatistas.