Julia Affonso e Fausto Macedo - O Estado de São Paulo
Laudo pericial da Polícia Federal revela que, de cada 10 contratos de financiamentos agrícolas operados pelo Banco do Brasil na região de Ribeirão Preto (SP), 9 foram marcados por fraudes, entre 2012 e 2015. Os prejuízos, segundo investigação interna do próprio BB, alcançam R$ 44 milhões.
Os dados foram revelados na Operação Turbocred, deflagrada pela Polícia Federal nesta terça-feira, 31. Os policiais cumprem 39 mandados de buscas em São Paulo, Minas, Mato Grosso, Espírito Santo e Goiás. A PF faz batidas em residências de tomadores de empréstimos fraudulentos, funcionários e ex-funcionários do BB, e de ‘laranjas’.
O delegado Victor Hugo, que comanda a missão da PF, destacou que os peritos criminais federais analisam contratos de financiamentos que somam R$ 59 milhões. A perícia foi realizada com base em documentos – contratos de financiamentos agrícolas – recolhidos na primeira fase da Turbocred, em 2016.
Victor Hugo ressaltou que os fraudadores agiam em duas frentes, pelo menos.
Victor Hugo ressaltou que os fraudadores agiam em duas frentes, pelo menos.
Um primeiro grupo fazia contrato falso de arrendamento de terras, mas de fato não detinha posse nem domínio da área. Ainda assim obtinha sinal verde para o financiamento. “A atividade agrícola nunca existia, eles embolsavam o dinheiro”, afirma o delegado.
Um segundo núcleo de golpistas atuava de outra forma. Esses investigados até tinham a propriedade das terras, mas os imóveis eram arrendados para terceiros que tomavam empréstimos – da mesma forma, porém, não desenvolviam nenhuma atividade agrícola.
A PF constatou que 90% dos contratos eram fraudados.
Simultaneamente às investigações da PF, o Banco do Brasil fez uma apuração interna e verificou prejuízos de R$ 44 milhões em decorrência desses contratos.