Altamiro Silva Junior e Francisco Carlos de Assis - O Estado de S.Paulo
O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, defendeu nesta quinta-feira, 26, que a reforma da Previdência siga conforme as propostas do texto do relator, o deputado Arthur de Oliveira Maia (PPS-BA), aprovado em maio em uma comissão especial no Congresso.
"É um projeto que está equilibrado, já foi retirado uma série de pontos, mudado uma série de questões. Vamos ver como serão as negociações no Congresso", afirmou em evento realizado em São Paulo com empresários.
No início deste mês, lideranças governistas prepararam um texto alternativo (ou emenda aglutinativa) ao parecer de Maia (PPS-BA), que ficou conhecida como a proposta "enxuta" da reforma . O vice-líder do governo na Câmara, o deputado Beto Mansur (PRB-SP), disse que a emenda deve se concentrar em três mudanças: idade mínima de aposentadoria, tempo mínimo de contribuição e uma regra de transição para quem já contribui hoje com a Previdência. Para Meirelles, contudo, o momento é de tentar aprovar um texto mais amplo e com maiores alterações no tema.
Prazo. O ministro também diminuiu o tom em seu discurso sobre o prazo para votação da reforma. Depois de dizer que as mudanças seriam votadas na segunda quinzena de novembro, ele agora evita falar em prazos específicos e disse ter esperança de aprovação nos próximos dois meses.
"Quando mencionei a segunda quinzena de novembro foi uma estimativa, uma previsão. O que nós achamos é que é importante que seja aprovada ainda este ano", disse ele, destacando que as eleições de 2018 reduzem bastante as chances de uma reforma desta magnitude passar no Congresso.
Meirelles ressaltou ainda que havia o interesse de todas as forças políticas que tem pretensões eleitorais em aprovar as medidas, pois se o texto não passar agora, o próximo presidente certamente terá que fazer a reforma da Previdência.
O ministro ressaltou que tem dialogado com líderes da base e terá uma agenda de reuniões intensas com grupo de parlamentares nas próximas semanas para discutir a reforma
"A agenda segue agora com vigor", disse ele, ressaltando que o Congresso pode se dedicar aos projetos econômicos. "Vou me envolver pessoalmente." Questionado se o governo terá que fazer mais concessões aos parlamentares para aprovar a reforma da Previdência, Meirelles disse que o texto será aprovado "em seu mérito", ou seja, com o entendimento de que a reforma é necessária para impedir um crescimento muito grande dos gastos públicos, comprometendo que o governo gaste em outras frentes.
Meirelles disse que para aprovar a reforma vai "ter trabalho e discussão", porque a reforma da Previdência é sempre controversa.