Desconheço a posição do pré-candidato Luciano Huck sobre os táxis, no máximo lembro do antigo sucesso da sua primeira-dama, mas uma declaração recente dele me deixou de cabelo em pé. Logo ele que se empenha tanto em consertar latas velhas.
Falando no mesmo tom do socialista Bernie Sanders daqui, Huck disse que “não adianta achar que o liberalismo, o livre mercado e o Estado mínimo tornarão o Brasil menos desigual”, ignorando informações básicas sobre economia como o ranking de liberdade econômica da The Heritage Foundation que prova, sem margem para dúvidas, que liberalismo e desenvolvimento humano caminham juntos. O apresentador mostrou seu ceticismo em relação ao capitalismo num evento de empreendedorismo, mostrando que o Brasil nunca vai deixar de surpreender. Como dizia o insuperável Millôr, uma ideologia quando fica bem velhinha vem morar no Brasil.
Se este liberal não é assim tão liberal em economia, outros socialistas cariocas parecem mais dispostos a quebrar o tabu. Gregório Duvivier e Fernanda Torres, por exemplo, já exaltaram o Uber nas redes sociais e na imprensa, provando que socialismo é bom mesmo para os outros.
Os táxis são quase tão antigos quanto os carros e as leis que regulam o serviço não são nada menos antiquadas, inadequadas e retrógradas, como o Uber mostrou de forma tão contundente. O aplicativo é uma solução de mercado para um problema de mercado. Ele ajuda a demanda de serviços de transporte particular encontrar uma oferta ampla, diversificada e acessível, uma oportunidade de trabalho ou de complemento de renda para milhares de brasileiros. É esse livre mercado que Huck parece não entender completamente ou não gostar.
Não há nada que justifique moral, social ou economicamente a idéia de que o Estado deve ditar quem pode disputar a preferência do usuário por este tipo de serviço. Se o motorista está habilitado para dirigir, se seu carro está ordem, se o aplicativo pré-seleciona seus motoristas para você pensando na sua segurança e na qualidade do serviço, o que a burocracia governamental tem a ver com essa relação privada? Como a história já provou, burocrata não regula bem.
O bordão de Benito Mussolini “Tudo no Estado, nada contra o Estado, nada fora do Estado”, pedra fundamental do fascismo, parece ter sete vidas. O Uber e seus similares não são perfeitos, nada humano é, mas o serviço regulado pelo mercado, pela decisão livre do consumidor, é sempre preferível às malfadadas soluções governamentais. Não basta para os políticos dirigirem (mal) a nação? Deixem os carros em paz.
A motivação por trás dos defensores do monopólio atual é criar dificuldades para a maioria silenciosa enquanto vende facilidade para a minoria organizada, barulhenta e violenta que luta pela reserva de mercado. O Estado está, como sempre, usando recursos públicos para fazer negócios privados, socializando prejuízos e privatizando lucros. Ao menos até colocarmos liberais no Congresso, como teremos mais uma oportunidade no próximo ano.
Não devemos dar as costas e abandonar os taxistas honestos, dedicados e trabalhadores que gastaram fortunas para entrar neste mercado e atender as insanas demandas do governo. O importante é compensar os taxistas por seu investimento e buscar um modelo de transição que não crie uma concorrência desleal, assim como não se pode impedir a inovação, a livre concorrência e a evolução deste ou de qualquer outro mercado.
Quando o Estado promete “não impedir, apenas regular”, já sabemos como esse filme termina e quem morre no final. A votação, em regime de urgência, da PLC 28/2017, vai na prática estatizar o Uber e similares, asfixiando o que tem de bom e inovador sem dar nada em troca para o consumidor a não ser mais e mais Estado. É o Estado, mais uma vez, querendo decidir por você.
O governo do país com 60 mil assassinatos por ano, que não consegue oferecer o mínimo em segurança, saúde e educação para o cidadão que paga uma carga tributária imoral, deveria derrubar a lei do deputado petista que foi flagrado num vídeo dizendo que o Uber, vejam vocês, deveria ser proibido de deixar “qualquer um” dirigir.
Carlos Zarattini (PT – SP), autor da PLC 28/2017 é do partido que deixou o país na maior crise econômica da história, com milhões de desempregados ávidos por uma oportunidade, qualquer uma, de voltar ao mercado de trabalho. Mas o coração petista bate mais forte pelos sindicatos que alimentam a máquina de votos do partido.
O presidente do Sindicato dos Taxistas de São Paulo, Natalício Bezerra, declarou recentemente que “pobre tem que se conformar que é pobre, o pobre não vai querer o que o rico tem.” Se continuarmos sendo pautados por socialistas e liberais de araque, os pobres podem mesmo perder qualquer esperança de, um dia, andar de táxi ou de Uber. Terão de se contentar com o precário sistema público de transporte e PT saudações.
Quando Reagan disse, logo no discurso de posse, que “na atual crise o governo não é a solução, o governo é o problema”, abriu caminho para 25 anos de crescimento e prosperidade do país que recebeu com a economia combalida, inflação alta e crescimento baixo. Quem sabe um dia poderemos aprender, ao menos uma vez, com os bons exemplos.