domingo, 1 de fevereiro de 2015

"No compasso da Lava-Jato", por Ilimar Franco

O Globo


Os ministros receberam comunicado do ministro Aloizio Mercadante informando que todas as nomeações precisam passar pela Casa Civil. Além de verificar a competência dos indicados, conferir com lupa o currículo e avaliar os interesses dos partidos aliados, o objetivo do Planalto é segurar as nomeações. O sinal verde para fazê-las só virá depois que o PGR, Rodrigo Janot, se manifestar sobre os políticos envolvidos na Operação Lava-Jato.
O clima é de arrancar os cabelos
A demora para fazer nomeações para o segundo escalão amplia a tensão e a pressão dos partidos sobre o Planalto. Os ministros ficam impedidos de nomear a sua equipe e os aliados mantém a guerrilha de trincheiras pelos espaços de poder. A sorte de muitos, como os citados na Operação Lava-Jato, depende se a PGR abrirá inquérito contra o citado ou enviará pedido de abertura de processo ao STF. Um assessor da presidente Dilma citou como exemplo o presidente da Câmara, Henrique Alves (PMDB). Citado pela mídia, no contexto da Lava-Jato, ele será ministro (substituindo Vinícius Lages no Turismo) no caso de a PGR livrá-lo de processo ou investigação.
“E a (presidente) Dilma, aguenta até o final do ano? Não vamos ter um impeachmentzinho?” 

Elton da Luz Ronhelt 
Integrante da Executiva Nacional do PSDB, durante passeio em um shopping de Brasília
Tarde demais
O vice Michel Temer e o ministro Jaques Wagner (Defesa) tiveram vários conversas sobre um acordo entre PT e PMDB na Câmara. Anteontem, foi a vez do articulador político do governo, ministro Pepe Vargas, ter procurado o vice Temer. 

Ato político
O novo líder do PSDB no Senado, Cássio Cunha Lima (foto), ocupou a linha de frente para consolidar a candidatura de Aécio Neves entre os tucanos. Para ajudar Aécio na campanha, foi candidato ao governo da Paraíba. Na função de líder, vai trabalhar para manter o PSDB aglutinado e para fortalecer a aliança com o PSB para futuras eleições presidenciais.
Por que será?
A bancada de senadores do PT pediu, para apoiar Renan Calheiros (PMDB) para a presidência do Senado, a democratização das relatorias dos projetos. Reclama que as mais importantes sempre ficam com Romero Jucá (PMDB-RR).
Ninguém ouviu
Naquela reunião em que o presidente do PSDB, senador Aécio Neves, fez um apelo para que os tucanos votassem em Júlio Delgado (PSB), para presidir a Câmara, três deputados protestaram por não terem sido ouvidos pelos líderes da legenda. São eles: Caio Nárcio (MG), Giuseppe Vecci (GO) e Daniel Coelho (PE). Eles querem participar.
Linha de conduta
O senador José Serra (PSDB-SP), nas conversas internas, sobre a eleição para presidir o Senado, defende o princípio da proporcionalidade, pelo qual o candidato oficial da maior bancada é quem deve ser escolhido pelos demais partidos.
Zagueiros contra a tentação
O PSB espera uma ofensiva do PT para minar a legenda. O ex-governador Renato Casagrande e o candidato a vice de Marina Silva, Beto Albuquerque, vão se unir ao presidente Carlos Siqueira para conter a vontade de aderir.
O tamanho da borduna na luta por cargos do governo será definido hoje na eleição travada na Câmara. Até o PMDB oposicionista espera ter seu quinhão.