O Globo
A Petrobras foi praticamente destruída durante o governo Dilma
Nas histórias em quadrinhos do Super-Homem há um planeta colonizado por um clone defeituoso do herói, em que tudo é simetricamente oposto ao nosso planeta Terra. Nesse Mundo Bizarro, como é chamado, as palavras têm o sentido inverso. Bom é mau e amor é ódio. O Brasil do PT é como o Mundo Bizarro.
A presidente Dilma usou a cadeia nacional de televisão e rádio em janeiro de 2013 para um pronunciamento oficial em que enaltecia os investimentos estatais em energia elétrica, afastando qualquer possibilidade de apagão. Em seguida, celebrou a queda nas tarifas de eletricidade e nas taxas de juros, e chamou de pessimistas e alarmistas aqueles que apontavam para uma crise iminente.
Hoje, vemos que a confiança vendida pela presidente em tom ufanista era o inverso da cautela que o momento exigia. Os “pessimistas” estavam cobertos de razão. O governo Dilma teve de aumentar muito as tarifas de eletricidade, após rombos bilionários no setor. Não obstante, já estamos vivendo pequenos apagões e o risco de racionamento de energia é evidente.
No caso das taxas de juros, que Dilma derrubou na marra como se fosse um ato de coragem contra os banqueiros, elas já se encontram acima de quando a marretada começou. Apesar disso, a taxa de inflação ultrapassou o topo da elevada meta, e deve atingir 7,5% ao ano. Isso, nunca é demais lembrar, com “crescimento” nulo ou negativo da economia, algo que também era totalmente descartado por seu governo.
Na campanha eleitoral, a candidata Dilma disse que os tucanos iriam aumentar preços, juros e impostos se vencessem. Assim que saiu vitoriosa, Dilma aumentou preços, juros e impostos. Convidou um banqueiro para assumir o Ministério da Fazenda, logo depois de garantir que era isso que faria o PSDB, o que seria sinônimo de falta de comida na mesa dos pobres.
O discurso de Dilma contra a corrupção é igualmente bizarro. A presidente garante que jamais irá transigir com os “malfeitores”, e que seu governo vai investigar a fundo o escândalo da Petrobras. Mas as ações mostram o contrário: seu governo luta para impedir uma CPI independente enquanto Graça Foster é mantida no comando da estatal após quase R$ 90 bilhões evaporarem de seus ativos.
Por falar em Petrobras, seu caso é sintomático da bizarrice toda. O PT sempre disse que a estatal, outrora orgulho dos brasileiros, era alvo da cobiça dos tucanos “neoliberais”. Sofria ataques de especuladores que desejavam ver a empresa privatizada. Pois bem: a Petrobras “foi” privatizada, mas da pior maneira possível: acabou nas mãos de uma quadrilha liderada por políticos corruptos do próprio PT.
A Petrobras foi praticamente destruída durante o governo Dilma, e estaria salva se efetivamente tivesse sido vendida para a iniciativa privada. Afinal, ninguém escutou falar em “Valão” ainda, desde que a Vale foi privatizada pelo governo FH em 1997. Tampouco a Embraer aparece envolta em escândalos de corrupção. O PT adota um discurso raivoso contra a privatização, mas deixou claro seu real interesse nas estatais: são vacas leiteiras de recursos públicos desviados para financiar campanhas e perpetuar o partido no poder.
O que dizer do próprio nome do partido? Como já definiram antes, o PT é o partido dos trabalhadores que não trabalham, dos estudantes que não estudam e dos intelectuais que não pensam. Fala o tempo todo em nome dos pobres, mas estes são apenas mascotes explorados por seus lideres, que vivem como verdadeiros nababos capitalistas, frequentando os melhores hospitais particulares e degustando vinhos caros por aí.
Em suma, o PT habita um planeta diferente, onde tudo é invertido. O partido da ética, que pensa antes nos mais pobres, que zela pelos interesses dos trabalhadores, que protege as estatais e que coloca o social acima de qualquer coisa: assim os petistas se enxergam. Mas estão diante de um espelho. Olham tudo com o sinal trocado.
Na verdade, trata-se do mais corrupto dos partidos, que explora a pobreza para benefício próprio, que escalpela os trabalhadores da classe média com mais impostos, que corrói a renda dos mais pobres com elevada inflação, que destrói as estatais em troca de um projeto totalitário de poder. É tudo muito bizarro.
Mas o mais espantoso, o mais bizarro mesmo, é ainda existir quem defenda o indefensável, quem finja que o PT realmente representa os mais pobres, apesar de tudo. Normalmente, são “intelectuais” em busca do regozijo pessoal de “parecer” uma alma abnegada e altruísta ou alguém lutando para preservar uma boquinha estatal. É realmente bizarro!