RICARDO DELLA COLETTA E DAIENE CARDOSO - O ESTADO DE S. PAULO
Deputado teve 267 votos, contra 136 de Arlindo Chinaglia (PT-SP); Júlio Delgado (PSB-MG) recebeu 100 votos
Eduardo Cunha (PMDB-RJ) foi eleito presidente da Câmara dos Deputados neste domingo, 1º, em primeiro turno, com 267 votos. Arlindo Chinaglia (PT-SP) recebeu 136 votos, Júlio Delgado (PSB-MG) teve 100 votos e Chico Alencar (PSOL-RJ) recebeu 8 votos. Houve dois votos em branco.
Eleito com um discurso contra a “hegemonia” do PT, Cunha afirmou em seu primeiro pronunciamento como presidente da Câmara dos Deputados que houve tentativa de interferência do Executivo no processo sucessório da Casa, mas prometeu que não haverá “sequelas” ou “batalhas” e que o governo terá a sua governabilidade. “O Parlamento pela sua independência sabe reagir e reagiu no voto”, disse. “A disputa se encerra na hora da apuração.”
Cunha, um desafeto do Palácio do Planalto, adotou um tom conciliador e de aproximação com o governo. “Nunca falamos que seríamos oposição. Também não falamos que seríamos submissos e não seremos submissos”, afirmou. “O governo sempre terá, pela sua legitimidade, a governabilidade que a sua maioria poderá dar, no momento em que ela for exercida e se for exercida”, discursou o peemedebista, destacando que estava transmitindo palavras de “tranquilidade” e de “serenidade”.
O presidente eleito também descartou que a Câmara será um “palco eleitoral ou de disputa”.
"Já ganhou". O clima de "já ganhou" tomava conta do gabinete da liderança do PMDB na Câmara, quartel-general de Cunha. No bolão realizado por seus aliados, os lances variavam de R$ 50 a R$ 1.500. Na noite de sábado, 31, o jantar de "camarões graúdos" e champanhe foi até o fim da noite, mas Cunha já estava no Congresso às 8h deste domingo.
O deputado federal Arlindo Chinaglia (PT-SP) também chegou cedo após tomar café da manhã em seu apartamento, em Brasília. Alguns aliados estiveram rapidamente com ele durante o café e demonstravam preocupação pois, também no PT, Cunha era tido como favorito.
Assim como em todos os dias das últimas semanas, o entra e sai do gabinete de Eduardo Cunha não parou ao longo do domingo. Ele recebeu a família e líderes partidários. Um pai de santo também circulou pelo local onde se concentrou o deputado evangélico. Ao longo do dia, fez e refez contas e evitou entrevistas. Chinaglia permaneceu trancado em sua sala das 12h até às 18h. "Eu vou fazer alguns telefonemas e fugir de você", disse ao repórter, em tom descontraído, após ser questionado sobre o que faria durante a tarde.
Prioridades. Além de prometer, mais uma vez, votar o mais rápido possível o chamado Orçamento Impositivo, mecanismo pelo qual o Executivo é obrigado a pagar as emendas parlamentares individuais, Cunha citou outras duas prioridades: rever o pacto federativo, de modo a dar um respiro a Estados e municípios diante da concentração de recursos na União, e implantar a reforma política.