No PT e no governo o sentimento é de que o candidato do PMDB para a presidência da Câmara vencerá a eleição no primeiro turno
Antes mesmo de saber o resultado da eleição para a presidência da Câmara, o governo decidiu procurar o líder do PMDB, Eduardo Cunha (RJ), para propor o diálogo. Cunha, desafeto do Planalto, é tido no governo como virtual vencedor da eleição. No PT e no governo o sentimento é de que ele vencerá a eleição no primeiro turno.
Neste domingo, vários ministros foram escalados para conversar com os coordenadores da campanha de Cunha. O recado era um só: o Palácio do Planalto quer o diálogo a partir de amanhã. A preocupação do governo, em caso de vitória de Cunha, é com inclusão de uma "pauta bomba" na Câmara. Na lista de projetos que contrariam os interesses do Planalto está o "orçamento impositivo", obrigando o pagamento de emendas parlamentares individuais.
Nos bastidores, dirigentes do PT disseram que a negociação com o grupo de Cunha era "pela governabilidade". Um dos ministros da linha de frente na negociação é Jaques Wagner, titular da Defesa. Outro é Pepe Vargas (Relações Institucionais), que passou parte do dia na Câmara.
Foi Wagner que, na segunda-feira, procurou o vice-presidente da República, Michel Temer, e o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), para propor um acordo com Cunha, que restabeleceria o rodízio entre PMDB e PT na presidência da Câmara.
Também foram procurados os ministros peemedebistas Edinho Araújo (Portos) e Eliseu Padilha (Aviação Civil), além de coordenadores da campanha de Cunha, como Sandro Mabel (GO) e Danilo Forte (CE). Todos consultaram o bloco que apoia Cunha. Ouviram um não. Como Mabel tem boas relações com o Palácio do Planalto, Jaques Wagner e Pepe Vargas telefonaram para ele para dizer que seria importante voltar com o rodízio. Mabel tornou a fazer consultas e ouviu novo não.
A rejeição do acordo pelo rodízio foi comunicada na quinta-feira à tarde por Pepe Vargas à presidente Dilma Rousseff, que estava na Costa Rica participando de uma reunião de cúpula dos países latino-americanos e do Caribe. Por causa da notícia, Dilma deixou a reunião antes mesmo do término e antecipou a volta ao Brasil.