quinta-feira, 2 de março de 2023

PIB brasileiro cresceu 2,9% em 2022, com freada no 4° trimestre - Consequência da 'eleição' do ex-presidiário?

 

PIB brasileiro teve, em 2022, seu segundo ano seguido de crescimento| Foto: Marcello Casal Jr/Agência Bras


O PIB brasileiro cresceu 2,9% no ano passado, mostram dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgados nesta quinta (2). E no quarto trimestre de 2022 houve uma variação negativa de 0,2%, em relação aos três meses anteriores, puxada pelos juros elevados.

É o segundo ano seguido de crescimento, após a retração de 3,3% do PIB, em 2020, causada pelos efeitos da pandemia. Em 2021, a economia brasileira teve uma expansão de 5% no PIB.

O PIB totalizou R$ 9,9 trilhões em 2022. O PIB per capita alcançou R$ 46.154,6 em 2022, um avanço real de 2,2% ante o ano anterior.


Serviços foram a atividade de maior crescimento\


Os serviços foram a atividade econômica com maior crescimento em 2022. A expansão foi de 4,2%; seguida pela indústria, 1,6%. Agropecuária fechou no vermelho, com uma queda de 1,7%, decorrente da queda na produção e produtividade na agricultura.

“Desses 2,9% de crescimento em 2022, os serviços foram responsáveis por 2,4 pontos percentuais. Além de ser o setor de maior peso, foi o que mais cresceu, o que demonstra como foi alta a sua contribuição na economia no ano”, analisa Rebeca Palis, coordenadora de Contas Nacionais do IBGE.

Todas as atividades dos serviços tiveram crescimento: outras atividades de serviços (11,1%), transporte, armazenagem e correio (8,4%), informação e comunicação (5,4%), atividades imobiliárias (2,5%), administração, defesa, saúde e educação públicas e seguridade sociais (1,5%), comércio (0,8%) e atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados (0,4%).

“As duas atividades que mais chamam atenção estão entre as que mais cresceram em 2021, após as quedas de 2020: Transportes e Outros Serviços, que inclui categorias de serviços pessoais e serviços profissionais. Foi uma continuação da retomada da demanda pelos serviços após a pandemia de Covid-19. Em outros serviços, podemos destacar setores ligados ao turismo, como serviços de alimentação, serviços de alojamento e aluguel de carros”, explica Palis.

Na indústria, o destaque positivo foi o desempenho da eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos (10,1%), que teve bandeiras tarifárias mais favoráveis ao longo de 2022. “O crescimento dessa atividade está muito relacionado à recuperação em relação à crise hídrica de 2021. Além do crescimento da economia, houve o desligamento das térmicas, diminuindo os custos de produção, o que contribui para o aumento do valor adicionado da atividade.

A construção (6,9%) também registrou crescimento, impulsionado pelo ano eleitoral que, tradicionalmente, apresenta um maior volume de obras públicas.

As indústrias de transformação (-0,3%) tiveram desempenho negativo, causado principalmente pela queda da metalurgia de metais ferrosos; produtos de metal; produtos químicos; produtos de madeira e de borracha e plástico.

As indústrias extrativas tiveram uma retração de 1,7% devido à queda na extração de minério de ferro. “O resultado delas está relacionado ao lockdown ocorrido na China, o maior comprador, enquanto as indústrias de transformação foram impactadas negativamente por fatores como juros altos e custos de matéria-prima elevados”, avalia Rebeca Palis.

Já a agropecuária apresentou queda de 1,7% no ano, decorrente do decréscimo de produção e perda de produtividade da atividade agricultura, que suplantou a contribuição positiva das atividades de pecuária e pesca.

“A soja, principal produto da lavoura brasileira, com estimativa de queda de produção de 11,4%, foi quem mais puxou o resultado da agropecuária para baixo no ano, sendo impactada por efeitos climáticos adversos”, explica Palis.


Consumo das famílias é a maior influência sob a ótica da demanda

Do lado da demanda, o resultado foi puxado pelo consumo das famílias, que avançou 4,3% em relação ao ano anterior. Já a despesa de consumo do governo teve uma alta de 1,5%. No setor externo, as exportações de bens e serviços cresceram 5,5%, enquanto as importações subiram 0,8%.

“Se pela ótica da oferta quem puxou foi o setor de serviços, na ótica da demanda foi o consumo das famílias. É importante dividir a demanda interna do setor externo, pois dos 2,9% do crescimento, 2 pontos percentuais foram da demanda interna principalmente do consumo das famílias, e 0,9 pontos percentuais da demanda externa, que também subiu, já que as nossas exportações cresceram mais do que as importações”, esclarece Rebeca Palis.

A formação bruta de capital fixo, que mede a capacidade de investimento de uma economia, registrou alta de 0,9%. A taxa de investimento no ano de 2022 foi de 18,8% do PIB, enquanto o observado no ano anterior foi de 18,9%.


Economia perde força no quarto trimestre

O PIB variou -0,2% no 4º trimestre de 2022 na comparação com o trimestre imediatamente anterior. A indústria mostrou retração de 0,3%, enquanto a agropecuária e os serviços apresentaram variação positiva de 0,3% e 0,2%, respectivamente. Dentre as atividades industriais, houve queda nas indústrias de transformação (-1,4%), na construção (-0,7%) e na atividade de eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos (-0,4%). O único resultado positivo foi nas indústrias extrativas (2,5%).

“Quando analisamos o setor da indústria, a única alta foi nas indústrias extrativas por causa da extração de petróleo. Todo o restante caiu”, avalia a coordenadora.

Nos serviços, as atividades de informação e comunicação (1,8%), Outras atividades de serviços (0,9%), atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados (0,9%), atividades imobiliárias (0,7%) e transporte, armazenagem e correio (0,2%) tiveram desempenho positivo.

Em contrapartida, houve queda no comércio (-0,9%) e em administração, defesa, saúde e educação públicas e seguridade social (-0,5%).

Pela ótica da despesa, houve variação positiva da despesa de consumo das famílias (0,3%) e da despesa de consumo do governo (0,3%), ao passo que houve queda da formação bruta de capital Fixo (-1,1%).

As exportações de bens e serviços cresceram 3,5%, enquanto as importações de bens e serviços caíram 1,9% em relação ao terceiro trimestre de 2022.


André Kramer, Gazeta do Povo