Arthur Lira (PP-AL) foi além de fazer o discurso da vitória ao ser eleito presidente da Câmara dos Deputados na noite de segunda-feira 1º. Fora o agradecimento aos aliados que lhe renderam 302 votos, ele anulou o registro da candidatura do bloco liderado por Baleia Rossi (MDB-SP), seu principal rival na disputa.
Para a decisão, Lira justificou cumprir o regimento interno da Câmara. Na cadeira de presidente da “Casa do Povo”, o congressista do Progressistas citou que o bloco de Rossi foi registrado minutos após o fim do prazo previamente determinado — que era até as 12 horas do dia da eleição. A candidatura de Rossi, que contou com 145 votos, foi aceita sem contestação por Rodrigo Maia (DEM-RJ), então presidente da Câmara. Maia foi o principal entusiasta da campanha do emedebista.
“Contaminou de forma insanável atos do pleito”
“O então presidente da Câmara [Rodrigo Maia] reconheceu, de forma monocrática, a formação do bloco apesar da evidente intempestividade, e contaminou de forma insanável atos do pleito como o cálculo da proporcionalidade e a escolha dos cargos da Mesa”, criticou Lira em meio ao seu primeiro discurso como sucessor do membro do Democratas fluminense, conforme destaca a Agência Câmara.
A anulação do grupo de Baleia Rossi deixa indefinida a composição para os demais cargos da Mesa Diretora da Câmara. Pelos critérios de proporcionalidade dos blocos até então validados, três integrantes de partidos da base do emedebista apoiado por Maia teriam vez. Os nomes, aliás, já estavam pré-definidos: Marília Arraes (PT-PE) seria a primeira-secretária; Rose Modesto (PSDB-MS), a segunda-secretária; e Joenia Wapichana (Rede-RR) ficaria responsável pela quarta-secretaria.
E agora?
O mais novo presidente da Câmara anunciou que os cargos para a Mesa Diretora serão definidos nesta terça-feira, 2. A expectativa é a que ele tente inserir mais um partido aliado na composição do comando da Casa. Anteriormente estava previsto que o bloco dele teria direito às seguintes posições:
- Primeira-vice-presidência — Marcelo Ramos (PL-AM);
- Segunda-vice-presidência — André de Paula (PSD-PE);
- Terceira-secretaria — Luciano Bivar (PSL-PE) ou Vítor Hugo (PSL-GO).
Aliados de Baleia Rossi, no entanto, já contestaram publicamente a anulação do bloco. Alguns falam, por exemplo, em levar a decisão de Lira para análise do Supremo Tribunal Federal. Deputada federal pelo Paraná e presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann aproveitou o momento para mais uma vez falar em “golpe”.
Anderson Scardoelli, Revista Oeste