Não vai ser fácil sair do confinamento obrigatório em que boa parte do mundo mergulhou devido à covid-19, alerta o médico e epidemiologista sueco Johan Giesecke, professor emérito do Instituto Karolinska, em Estocolmo. Consultor da Agência de Saúde Pública da Suécia, que ajudou a definir para este país escandinavo uma estratégia em sentido contrário à maioria dos países europeus, explica numa entrevista ao PÚBLICO as razões dessa dificuldade: “Nenhum país europeu tinha uma estratégia de saída quando instalou as medidas de confinamento.” A Suécia registava 2462 mortos — um pouco mais do dobro de Portugal — e 20.302 infectados, números de 29 de Abril, numa abordagem considerada de sucesso sem ter optado pelo encerramento da economia. O senão está em que há 2153 vítimas mortais com 70 anos ou mais.
Johan Giesecke, que começou a sua carreira como médico infecciologista e passou pela Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres antes de trabalhar para o Estado sueco como epidemiologista durante dez anos, confessa que foi “mau” ver o Reino Unido abandonar a estratégia hoje conhecida como “imunidade de grupo", depois de um estudo do Imperial College ter projectado 250 mil mortes entre os britânicos. Actualmente reformado, mantendo-se como consultor da agência estatal de saúde e do grupo técnico para as doenças infecciosas da Organização Mundial da Saúde, sublinha que a imunidade de grupo no país, que acredita estar nos 25%, é um efeito colateral da estratégia sueca e não o seu objectivo.
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