Com a formulação completa dos balanços financeiros de 2019, foi possível verificar que os 20 principais clubes brasileiros atingiram a marca de R$ 6 bilhões em receitas no ano passado. Ao mesmo tempo, o endividamento líquido do bloco, formado mediante o ranking da CBF, alcançou a marca de R$ 8,3 bilhões. É o que aponta o estudo da consultoria EY.
No dado positivo - a arrecadação -, verificou-se um aumento de 17% em relação a 2018. Mas o endividamento, com viés negativo, cresceu quase na mesma proporção de um ano para outro: 15%. Dos R$ 8,3 bilhões, R$ 3,1 bilhões são com tributos. O Botafogo é o líder no endividamento, com R$ 819 milhões.
A maior arrecadação foi do Flamengo, campeão brasileiro e da Libertadores. Os R$ 950 milhões obtidos em 2019 representam 16% da receita total no Brasil. Verifica-se uma concentração de renda no topo da pirâmide. As cinco maiores receitas representam 50% do total. Além do Flamengo, elas são de Palmeiras (R$ 642 milhões), Grêmio (R$ 459 milhões), Internacional (R$ 441 milhões) e Corinthians (R$ 426 milhões).
O aumento da receita, ao mesmo tempo, não indicou que os clubes controlaram os gastos, já que dez dos 20 principais clubes fecharam 2019 no vermelho: Internacional, Vasco, Atlético-MG, Fluminense, América-MG, Botafogo, Sport, São Paulo, Corinthians e Cruzeiro. Colocando todo o grupo dos 20 principais clubes na balança, o saldo é negativo: déficit de R$ 621 milhões.
Dos R$ 6 bilhões em receita total obtida pelos clubes, R$ 2,3 bilhões são de direitos de transmissão e premiações. Ou seja, 39% refere-se a essa fonte de receita. Nesse item, vale pontuar que as premiações por avanço de fase nas competições são estipuladas conforme o volume do contrato de TV, como é o caso da Libertadores e da Copa do Brasil. O Brasileirão tem premiação pela colocação final. Na distribuição das cotas televisivas, há uma parcela de 30% que é por performance.
Há outra fatia muito relevante das receitas dos clubes: transferências de jogadores. Em 2019, houve um recorde, com arrecadação de R$ 1,6 bilhão - salto de 30% em relação a 2018. Comparando com os R$ 6 bilhões de receita total, a venda de jogadores representou 27%.
Os clubes também conseguiram aumentar a arrecadação com receitas de matchday (dia de jogo). Os R$ 952 milhões representam um crescimento de 20% em relação ao ano anterior. O Flamengo lidera no quesito, com R$ 175 milhões. O Palmeiras teve R$ 108 milhões.
Nas receitas comerciais, no entanto, um dado preocupante: o montante de R$ 712 milhões é 5% menor do que foi obtido em 2017. Em números absolutos, uma retração de R$ 37 milhões. O Palmeiras foi quem mais arrecadou nesse item, com R$ 135 milhões. O Flamengo teve R$ 105 milhões.
Igor Siqueira, O Globo