Confira na íntegra o depoimento prestado pelo ex-ministro da Justiça à Polícia Federal
Em depoimentos prestados no último sábado à Polícia Federal, em Curitiba, o ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro alegou que sofreu pressão do presidente Jair Bolsonaro para que trocasse o comando da Superintendência da corporação no Rio de Janeiro.
No entanto, o ex-juiz federal negou ter apontado que o presidente tenha cometido qualquer crime e disse que quem fez isso foi a Procuradoria-Geral da República. A PGR requisitou a abertura de um inquérito para investigar eventuais denúncias sobre interferência na Polícia Federal. Para Moro, quem deve avaliar se houve ou não crime são as “instituições competentes”.
Ainda segundo Sergio Moro, o reconhecimento da veracidade de suas alegações veio quando o Supremo Tribunal Federal barrou a indicação de Alexandre Ramagem ao cargo de diretor-geral da Polícia Federal. Em depoimento, Moro afirmou que só concordou com mudanças na direção da PF quando essas eram realizadas em concordância com a entidade. O presidente, na versão de Moro, ficou contrariado com a substituição de Ricardo Saad por Carlos Henrique Oliveira. O ex-ministro afirmou aos policiais federais que pretendia colocar Alexandre Saraiva no posto de superintendente da PF do Rio de Janeiro, já em agosto de 2019. Foi convencido por Moro e Maurício Valeixo a dar a vaga a Oliveira. No entanto, desde então, ameaçava demitir o diretor-geral da corporação, indicado pelo ex-juiz.
Quando voltou a falar em demitir Valeixo novamente para colocar Alexandre Ramagem como diretor-geral, Moro chegou a pensar em concordar com a troca para evitar um conflito com o presidente, porém, devido às ligações próximas de Ramagem com a família Bolsonaro, chegou à conclusão de que isso afetaria a credibilidade da Polícia Federal e do próprio governo, prejudicando até o presidente. Daí a discussão para manter Valeixo.
Sergio Moro falou, então, de mensagens trocadas com o presidente Jair Bolsonaro enquanto viajava a trabalho com Maurício Valeixo a Washington. Numa delas, segundo o ex-magistrado, o presidente pede a troca de Carlos Henrique Oliveira: “Moro você tem 27 Superintendências, eu quero apenas uma, a do Rio de Janeiro”. Entretanto, Moro afirma também que nunca nomeou nenhum superintendente e que isso sempre ficou a cargo da direção da PF.
Confira o depoimento na íntegra
Roberta Ramos, Revista Oeste