Um Estado cuja única função é preservar a própria existência. E, para tanto, extorque do contribuinte 153 dias de trabalho por ano na forma de tributos. Esse diagnóstico é detalhadamente apresentado num conjunto de reportagens e artigos nesta Edição 8 da Revista Oeste.
O insuportável peso do funcionalismo público está exposto, com excepcional robustez de dados, na matéria de capa, assinada pelo filósofo Ricardo Almeida.
Não adianta cobrar desse Estado disfuncional, presumindo que ele seja capaz de entregar mais, como nos mostra o cientista político Bruno Garschagen. Só um reordenamento total do modelo produziria resultados.
Ora, o fracasso do Estado é mais do que comprovado pela falência das políticas de incentivo e distribuição de renda.
“Nossas mazelas sociais, como se sabe, são estruturais. E vêm se mostrando resistentes a todos os remédios que lhes são tradicionalmente prescritos. A começar por investimentos públicos crescentes aplicados sem gestão eficaz — talvez porque não adiante despejar dinheiro em programas de nome publicitário se parte das verbas acaba ficando pelo caminho para sustentar a burocracia criada para mantê-los”, escreve Selma Santa Cruz no artigo “De cara com a miséria”.
É esse o mesmo Estado incompetente para comandar ações efetivas que permitam a gradual retomada em meio à pandemia. Com a notável clareza que marca seus textos, J. R. Guzzo evidencia que as mortes em razão da débâcle econômica serão mais numerosas do que aquelas causadas pelo coronavírus.
E Augusto Nunes lembra que houve um tempo em que os líderes da nação foram hábeis na administração de crises de extrema complexidade. “A geração de Oswaldo Aranha lidou com o primitivismo da República Velha, a gripe espanhola, eleições fraudulentas, golpes de Estado, insurreições militares, uma guerra mundial, a ditadura do Estado Novo, a industrialização do país rural, a expansão comunista, o início da Guerra Fria, o suicídio de um presidente da República e outras complicações de bom tamanho. Neste estranhíssimo 2020, um bando de poderosos ineptos não sabe o que fazer para sobreviver a um vírus chinês.”
Quando parecemos enredados, numa conjuntura em que não há saída aparente, convém recorrer aos valores fundamentais que contribuíram para a construção da civilização ocidental — e são os mesmos valores que servem de bússola para a Revista Oeste.
Com emoção, Ana Paula Henkel escreve sobre a grandeza da liberdade.
Revista Oeste