Neste Dia de Finados, mortos-vivos desfilam pela capital do país. Alguns mais mortos do que vivos, outros ainda tentando renascer das cinzas –pelo menos num dos planos de sua existência.
Enterrado em contas suíças milionárias, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, já está quase morto, na crença até de amigos, no plano do Supremo Tribunal Federal. Ali, não escapa de condenação.
Na sua terra prometida, contudo, luta contra um julgamento final por seus pares, contando com a cumplicidade de almas penadas aliadas para tentar preservar pelo menos seu mandato de deputado.
Lula já se sentiu um deus, mas vive hoje num inferno. É compreensível seu momento de cólera quando até seus filhos viram alvo da PF, mas, na hora derradeira, quem não deve não há de temer a ação independente das instituições do país.
Alguns o consideram mais morto do que vivo, mas ele já sobreviveu a outras pragas, como a do mensalão. Desta feita, talvez não forte o suficiente para voltar ao trono do Planalto como sonham seus súditos.
O complicador na sua trajetória de sobrevivência é que seu templo um dia sagrado, o PT, foi violado e está como um moribundo, à espera do juízo final dos tribunais superiores –onde terá de responder pelos pecados capitais cometidos.
Dilma Rousseff oscila entre um plano e outro. Já foi dada como alma rejeitada a caminho do purgatório, mas hoje dá mostras de estar mais viva do que muitos supunham e desejavam a esta altura do mandato.
Seu destino está, porém, entrelaçado ao de outro morto-vivo, que agoniza nos corredores do Congresso: o pacote fiscal, concebido para ressuscitar as finadas contas públicas e salvar a economia do país.
Condenado à morte, o já esfarrapado ajuste fiscal não arrastará apenas Dilma para o buraco. Carregará junto empregos e empresas para o vale das sombras, jogando o país numa longa noite de recessão.