DENISE ABARCA - O ESTADO DE S. PAULO
Incertezas sobre a economia e a política e a influência vinda do exterior alimentaram o apetite de especuladores, que fizeram o dólar subir 2,8% no fim do pregão
Após uma trégua nas duas últimas sessões, o dólar começou a semana em alta firme ante o real, refletindo a cautela dos investidores com o futuro do ajuste fiscal a ser definido nos próximos dias e também o viés positivo da moeda no exterior. O dólar à vista no balcão fechou na máxima, a R$ 4,0800, alta de 2,80%. O dólar para outubro avançava 2,06%, a R$ 4,0670, perto das 16h30.
Operadores consideraram natural que a moeda tivesse trajetória ascendente nesta segunda-feira, dada a manutenção das incertezas sobre o quadro doméstico e que o dólar caiu cerca de 4% nas últimas sessões. Os eventos da semana também inspiram cautela, pois deve ser apreciado pelo Congresso o veto ao reajuste salarial de até 78,56% dos funcionários do Judiciário. Ainda, a presidente Dilma deve colocar em prática sua reforma ministerial, cortando até dez pastas. Resta saber em que ambiente político estas ações devem se desenvolver.
Além disso, no exterior o dólar avançou ante as moedas de países emergentes, que foram penalizadas por um dado apontando forte queda no lucro das principais indústrias da China. Do mesmo modo, declarações de membros do Federal Reserve reforçando a percepção de que os juros vão subir ainda este ano fortaleceram a moeda dos EUA.
Na reta final do pregão, a moeda ampliou ainda mais seus ganhos ante o real, sem uma motivação específica a puxar as máximas. O movimento teria sido fruto da atuação especuladores, principalmente quando o avanço bateu em 2%, tendo clara a mensagem do Banco Central, na semana passada, de que se for preciso poderá usar suas reservas internacionais.