segunda-feira, 14 de abril de 2025

Mario Vargas Llosa declarou apoio a Bolsonaro em 2022 e disse que jamais votaria em Lula

O escritor peruano, ganhador do Prêmio Nobel em 2010, morreu neste domingo, 13



Morreu neste domingo, 13, o escritor peruano Mario Vargas Llosa, aos 89 anos. Romancista vencedor do Prêmio Nobel de Literatura em 2010, ele também se destacava por seus escritos políticos.

Vargas Llosa foi um dos intelectuais latino-americanos mais críticos à esquerda da região. Em 2022, em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, o escritor disse que torcia contra a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva no Brasil e que o petista estava “muito associado à corrupção”

O escritor peruano também afirmava não ter entusiasmo pela figura do então presidente Jair Bolsonaro. “Com sua posição sobre as vacinas, ele provocou uma verdadeira catástrofe no Brasil”, comentou. “Além disso, tem uma certa vocação pela palhaçada, não?”


Con profundo dolor, hacemos público que nuestro padre, Mario Vargas Llosa, ha fallecido hoy en Lima, rodeado de su familia y en paz. @morganavll 


No entanto, ele via Lula como uma opção mais perigosa para o país. “No Peru, temos quatro presidentes com processos na Justiça [em casos ligados à Operação Lava Jato]”, disse à Folha. “Em grande parte, todos eles foram vítimas de Lula, pois ele utilizava, digamos, a Presidência para corromper os governantes latino-americanos. No Peru, causou estragos.”  

Segundo a delação da empreiteira Odebrecht, que motivou processos judiciais no Peru, havia um esquema de pagamento de propina no país vizinho a pedido do PT, em troca de benefícios em licitações e superfaturamento de projetos. Lula foi citado na delação, mas nunca acusado formalmente por esses casos. 

“Não gostaria de estar na situação de ter que escolher entre Lula e Bolsonaro. Mas realmente jamais votaria em Lula”, analisou o peruano, na entrevista de 2022. “Ele foi um homem que corrompeu profundamente. Podemos dizer que os dirigentes peruanos se deixaram corromper, mas Lula cumpriu uma função muito negativa no Peru.”






Vargas Llosa teve uma estreita relação — e uma ruptura abrupta — com Gabriel García Márquez, outra lenda da literatura latinoamericana - Foto: Reprodução/Flick


Escritor declarou apoio à reeleição de Bolsonaro em palestra 

Em outra ocasião, também em 2022, Mario Vargas Llosa declarou preferir a reeleição de Bolsonaro à vitória de Lula. 

“As travessuras de  Bolsonaro são muito difíceis para um liberal admitir”, disse ele. “Agora, entre Bolsonaro e Lula, prefiro Bolsonaro.” Em uma palestra realizada em Montevidéu, capital do Uruguai, Vargas Llosa lembrou que, embora haja admiradores do petista espalhados pelo mundo, como os europeus “apaixonados por Lula”, não se pode esquecer que a Justiça o considerou como “um ladrão” e o prendeu por corrupção e lavagem de dinheiro. 

Novamente, Vargas Llosa fez ressalvas em seu apoio a Bolsonaro. O escritor ponderou que o presidente “não é um candidato que desperte entusiasmo”. A crítica mais forte ao então presidente foi em relação às vacinas. “É um absurdo confrontá-las do jeito que fez.”

Quem foi Vargas Llosa'

Nascido em 1936, no Peru, Vargas Llosa se naturalizou espanhol em 1993 e vivia em Madri havia algumas décadas. Considerado um dos últimos remanescentes de uma cultuada geração de escritores latino-americanos, contemporâneo do colombiano Gabriel García Márquez, o peruano acumulou grandes sucessos na carreira. 

Entre seus livros mais conhecidos estão A Festa do Bode e Pantaleão e as Visitadoras. 

Simpatizante do comunismo na juventude, Vargas Llosa migrou para o liberalismo ao longo da vida e se aventurou na política. Em 1990, o escritor concorreu à Presidência do Peru, mas foi derrotado por Alberto Fujimori, que posteriormente fugiu do país e depois foi condenado por diversos crimes. 

Revista Oeste