Eduardo Knapp - 5.mai2017/Folhapress | |
Área interna do Shopping JK Iguatemi, em São Paulo |
FLAVIA LIMA
ÉRICA FRAGA
Folha de São Paulo
ÉRICA FRAGA
Folha de São Paulo
O consumo das famílias deve ter voltado a crescer no segundo trimestre do ano em relação ao trimestre anterior, após nove períodos consecutivos de queda.
A variável deve responder por parte importante da leve alta esperada para o PIB do segundo trimestre, que será divulgado nesta sexta (1º).
A reação do consumo foi favorecida por baixa inflação, liberação dos recursos do FGTS e certa melhora no mercado de trabalho.
A queda nos preços dos alimentos provocada pela safra agrícola recorde também pode ter contribuído com dados do consumo melhores do que o esperado.
Cálculos de Fernando Montero, da corretora Tullet Prebon, indicam que a cesta básica acompanhada pelo Procon de São Paulo custava R$ 642,99 na quinta (31).
Há um ano, esse valor era de R$ 696,75.
Como o salário mínimo subiu de R$ 880 para R$ 937 no mesmo intervalo, uma família que vivia com o piso salarial ficava com R$ 183,25 após a compra da cesta. Hoje essa sobra é de R$ 294,01.
"Alguém tem que comer a montanha de comida que choveu neste ano", diz Montero. "O preço da cesta básica cai há 13 semanas e, até escoar essa monstruosa safra, ele continuará caindo".
INVESTIMENTO
O investimento também pode ter surpreendido no trimestre, mas essa avaliação é mais controversa.
O Santander espera alta de 1,1% para o consumo no segundo trimestre sobre o primeiro e de 0,4% para o investimento. A consultoria Tendências prevê avanço de 0,4% para ambos, e a LCA, alta de 1,5% (consumo) e de 1,9% (investimento).
Se as duas variáveis, que respondem por quase 90% do PIB, tiverem alta, será a primeira vez que isso ocorre em 14 trimestres.
Os analistas concordam, porém, que uma eventual alta do investimento será mais resultado da base muito deprimida do que de um movimento mais saudável de ampliação de unidades e abertura de fábricas.
O próprio aumento do consumo, dado como certo pela maioria dos economistas, ainda é frágil, impulsionado principalmente por fatores eventuais como o choque dos preços agrícolas e a liberação do FGTS.
Sergio Vale, da MB Associados, diz que a retomada dos gastos das famílias ainda é limitada porque os salários dos que estão se recolocando são menores do que os daqueles que foram demitidos. Com a continuação da queda do desemprego, diz, a melhora do consumo deve ganhar ímpeto.
Já o investimento tende a demorar mais tempo para ganhar fôlego. Até há uma alta nas compras de bens de capital, mas ela é explicada pela reposição de máquinas e equipamentos que vão se depreciando. No geral, as previsões apontam para uma recuperação econômica ainda bastante lenta.