terça-feira, 21 de julho de 2015

Lula e Dirceu atuaram para facilitar operação no setor de telecomunicações, diz jornal português

Veja


Portugal Telecom havia recebido ontem nova oferta pela Vivo, no valor de 7,15 bilhões de euros
Portugal Telecom: na mira da PRG de Portugal(AFP/VEJA)
A Procuradoria-Geral da República de Portugal confirmou nesta terça-feira que colabora com a força-tarefa da Operação Lava Jato. O pedido de ajuda internacional partiu das autoridades brasileiras mediante carta rogatória, segundo nota. O MP português afirma, contudo, que o caso está em segredo de Justiça. No mesmo comunicado, a Procuradoria confirma que há investigações em curso também sobre a Portugal Telecom.
A nota do MP português foi divulgada no dia em que reportagem do jornal Publico informa que a venda das ações da Portugal Telecom na Telefonica à Vivo, em 2010, e também a entrada da empresa portuguesa na Oi são alvos de investigação. Sem citar fontes, o jornal afirma que os investigadores analisam se houve "benefícios econômicos" no valor de "várias dezenas de milhões de euro" para políticos, acionistas e dirigentes das partes envolvidas na operação.
De acordo com a reportagem, Lula e o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu teriam mantido conversas com o ex-primeiro-ministro português José Sócrates para destravar as negociações. "Há precisamente cinco anos, Sócrates e Lula falaram várias vezes ao telefone. As conversas ocorreram entre o junho e julho e se destinaram a encontrar uma solução para o impasse provocado pelo veto de Sócrates à venda, à Telefónica, das ações da PT na brasileira Vivo", diz o texto.
Lula e a Odebrecht - Segundo reportagem do jornal O Globo publicada no fim de semana, telegramas trocados entre o Itamaraty e diplomatas brasileiros indicariam que Lula teria intercedido em favor da Odebrecht em Portugal e em Cuba.
Com relação a Portugal, em correspondência enviada em 2014, o embaixador brasileiro em Lisboa Mario Vilalva diz que "repercutiu positivamente na mídia" a declaração de Lula de que empresas brasileiras devem se engajar na aquisição de estatais portuguesas. Segundo o jornal, teria havido menção específica à Odebrecht em conversa privada. "O ex-presidente também reforçou o interesse da Odebrecht pela EGF (Empresa Geral de Fomento) ao primeiro-ministro Pedro Passos Coelho, que reagiu positivamente."
Pedro Passos Coelho negou, nesta segunda-feira, que o ex- tenha feito lobby pela Odebrecht ou por qualquer empresa brasileira. "O ex-presidente Lula da Silva não me veio meter nenhuma cunha para nenhuma empresa brasileira", disse Passos Coelho a jornalistas, em entrevista transmitida pela Rádio e Televisão de Portugal (RTP). "Cunha" é uma expressão portuguesa para "lobby". Ao fim da entrevista coletiva, o primeiro-ministro português disse ainda que as autoridades judiciais brasileiras não pediram qualquer informação ao governo português sobre o assunto.
O Instituto Lula respondeu que o ex-presidente jamais recebeu ou receberá por consultoria, lobby ou tráfico de influência, mas que recebeu apenas por palestras realizadas. O instituto disse ainda que Lula apenas comentou o interesse da empresa brasileira pela EGF, que já era conhecido.