Antonio Pita - O Estado de São Paulo
Conselho de administração define o programa que prevê arrecadar US$ 15 bi
A Petrobras negocia 28 ativos para cumprir a meta de desinvestimentos até 2016, estimada em US$ 15,1 bilhões. As negociações estão em ritmo acelerado, segundo fontes que acompanham o processo. Investidores demonstraram forte interesse na abertura de capital da BR Distribuidora. Mas o cronograma para a realização do IPO (Oferta Pública de Ações, na sigla em inglês) prevê que somente nos próximos meses serão apresentados aos investidores os termos detalhados da oferta.
A previsão é que a negociação seja concluída até dezembro. Na última sexta-feira, o cronograma detalhado para abertura do capital da BR foi apresentado aos integrantes do conselho de administração. O presidente da Petrobrás, Aldemir Bendine, indicou que a boa e rápida receptividade entre os investidores à proposta de abertura de capital surpreendeu.
Oficialmente, a companhia indica que estuda tanto a oferta de ações no mercado quanto a negociação com um investidor estratégico. A opção mais consolidada entre os executivos é a da venda de ações no mercado. Em comunicado enviado ao mercado, a estatal informou que avalia “alternativas estratégicas” para a subsidiária e que “os atos necessários para realização da oferta estarão sujeitos à aprovação dos órgãos internos da Petrobrás e da BR, como também dos entes reguladores”.
Os estudos sobre a BR Distribuidora e para a venda dos demais ativos estão em ritmo acelerado, segundo fontes que acompanham as negociações. A expectativa é que, mensalmente, seja analisado pelo conselho de administração o andamento da reestruturação de pelo menos um dos ativos na carteira. Alguns dos itens previstos para venda devem passar por reestruturação semelhante à aprovada para a Transportadora Associada de Gás (TAG).
A Petrobrás confirmou em comunicado que está mudando a composição das subsidiárias regionais da TAG, conforme compromisso assumido com a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). A etapa é tida como passo preliminar para a venda das duas subsidiárias regionais a investidores que atuam nos mercados do Norte e Nordeste e Sul e Sudeste.
A área de gás e energia é a que mais concentra ativos em desinvestimento nessa etapa. Também estão na lista de ativos para a venda até o próximo ano participações da estatal em distribuidoras estaduais de gás canalizado, que integram a Gaspetro. A companhia possui participações em 19 distribuidoras. As negociações também estão avançadas com parceiros que já têm participação nas empresas.
Também estão previstos, até 2016, a oferta de participações em contratos de exploração e produção, tanto no pré-sal quanto em campos maduros, principalmente no Nordeste, que tem registrado declínio de produção e rentabilidade. No pré-sal, figuram na lista as áreas de Pão de Açúcar (BM-C-33), Júpiter (BM-S-24), Carcará (BM-S-8) e Tartaruga Verde (BM-C-36), todos com contratos de concessão.
As áreas estão em fase de exploração, mas já apresentaram indícios de óleo e contam com boas expectativas quanto às reservas. Os parceiros da estatal nessas áreas devem ter prioridade na aquisição dos ativos, conforme estabelecido em contrato, mas o foco da estatal é atrair grandes petroleiras multinacionais, com maior capacidade de investimento nos projetos.
O plano de venda de ativos ainda prevê até 2018 mais US$ 42,7 bilhões em desinvestimentos em áreas como abastecimento, transporte e logística, além de Exploração e Produção. A previsão é que fiquem para 2017 e 2018 as vendas de ativos como termoelétricas, unidades de fertilizantes e de biocombustíveis - negócios que não são considerados foco da empresa.
O avanço das vendas de ativos enfrentará resistência entre os funcionários. Estão previstos para a próxima semana encontros de entidades sindicais e associações da categoria para deliberar sobre uma paralisação por tempo indeterminado na categoria. Os petroleiros estão em indicativo de greve desde o início do mês, e realizaram uma paralisação de advertência na sexta-feira.