Um dos mais repulsivos filhotes da era lulopetista, o humorismo a favor só não chegou aos 100% de adesão porque havia no meio do caminho um gênio indomável. A epidemia de vassalagem atingiu tais dimensões que, durante muitos anos, Millôr Fernandes foi o único a honrar o primeiro mandamento da imprensa independente, que ele próprio concebera e se estende a charges, cartuns e textos humorísticos: “Jornalismo é oposição. O resto é armazém de secos e molhados”. Por covardia, vigarice ideológica ou dinheiro, o resto decidiu que Lula e Dilma mereciam o tratamento respeitoso, reverente ou submisso negado a todos os governantes desde o Descobrimento.
Em qualquer país democrático, nenhum presidente diria que sua mãe nascera analfabeta sem que lhe desabasse sobre a cabeça uma tempestade de sarcasmos, ironias, deboches e outros castigos desenhados. Sempre impunemente, Lula fez isso e muito mais. Se uma presidente começasse a enxergar cachorros ocultos por trás de cada criança francesa, ou britânica, ou alemã, seria afogada pela onda de desenhos de que nunca escapam governantes que imploram por camisas-de-força.
Dilma fez isso e muito mais. Faria mais ainda se não fosse surpreendida pela ressurreição dos chargistas livres como um táxi.
Os chargistas estatizados continuam amplamente majoritários. Mas, como atestam as 13 amostras publicadas abaixo, os discípulos de Millôr estão de volta à paisagem brasileira. É mais um sinal de que, apesar de tudo e apesar de tantos, existe vida inteligente na terra arrasada por um estadista que não lê e por uma sumidade que não sabe o que diz.