Chico de Gois - O Globo
Em março, presidente tinha 10,8% de aprovação; mais de 60% dos entrevistados são a favor do impeachment
Após um semestre tumultuado no cenário político e econômico, a avaliação positiva da presidente Dilma Rousseff atingiu em julho o índice de 7,7%, segundo pesquisa do instituto MDA, encomendada pela Confederação Nacional dos Transportes (CNT) e divulgada nesta terça-feira. Outros 70,9% desaprovam o governo da petista. O resultado é o pior já registrado pela série histórica da CNT. Em março, Dilma tinha 10,8% de aprovação.
A aprovação do desempenho pessoal dela é de 15,3%, contra 79,9% de desaprovação. Em março, esses índices eram de 19% e 78% respectivamente.
A pesquisa também demonstra que 62,8% dos entrevistados são favoráveis ao impeachment da presidente. Segundo o levantamento, 32,1% disseram ser contrários e 5,1% não souberam responder. Para os que são favoráveis à interdição da presidente, 26,8% citaram as pedaladas fiscais como justificativa para o impeachment; 25% disseram que a corrupção na Petrobras serve como argumento, 14,2% consideram irregularidades nas contas de campanha da petista, e 44,6% declararam que os três motivos são suficientes para retirar o mandato da presidente eleita no ano passado. Outros 1,5% citaram outros motivos, e 1,8% disseram não saber.
Se a eleição fosse hoje, segundo a pesquisa, Aécio Neves (PSDB) teria 35,1% e Lula 22,8%. Marina Silva (PSB) somaria 15,6%, e Jair Bolsonaro (sem partido), 4,6%. Brancos e nulos seriam 14,8% e não responderam 7,1%. Num outro cenário, sem Aécio, Lula teria 24,9%, Marina, 23,1%, Geraldo Alckmin (PSDB) 21,5% e Bolsonaro 5,1%. Brancos e nulos seriam 17,5%, e não sabem ou não responderam 7,9%.
Os entrevistadores também quiseram saber o nível de conhecimento das denúncias da Operação Lava-Jato: 78,3% responderam que têm acompanhado ou ouviram falar no assunto. Desses, 69,2% consideram que Dilma é culpada pela corrupção que está sendo investigada e 65% apontam que Lula é o culpado.
As perguntas foram específicas sobre o assunto, citando nominalmente a presidente e o ex-presidente. Assim, os entrevistados não perguntaram, aleatoriamente, quem o eleitora achava que era culpado. A CNT é presidida por Clésio Andrade, senador que renunciou ao mandato para escapar de processo no Supremo Tribunal Federal, acusado de participar do mensalão do PSDB em Minas Gerais. Ele foi vice-governador no primeiro mandato de Aécio Neves.
PRÓPRIO CLÉSIO RESPONDEU:
— O atual mandatário e o ex são responsáveis pela empresa e foi nesses mandatos que aconteceram as irregularidades. A pesquisa segue um padrão, independentemente do quadro local e regional. Próxima pergunta, por favor — disse ele, encerrando o questionamento.
A maioria dos entrevistados é favorável ao fim da reeleição. De acordo com o levantamento, 67,5% se manifestaram dessa forma, enquanto 28% são contrários ao fim da possibilidade de um mandatário concorrer a outro mandato; 4,5% não responderam.
Os eleitores também demonstraram que são amplamente favoráveis à redução da maioridade penal de 18 para 16 anos. Para 70,1%, a medida deve valer para qualquer tipo de crime; 18% dizem que só poderia valer para crimes mais graves, como homicídios e latrocínios e 10,2% disseram que não são favoráveis em hipótese alguma; 1,7% não responderam.
A pesquisa ouviu 2.002 eleitores, entre os dias 12 e 16 de julho, em 137 municípios nas cinco regiões do país, em 25 estados. A margem de erro é de 2,2 pontos percentuais.