quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

"Superávit primário não foi sem custo: investimentos recuaram", por Miriam Leitão

O Globo


A nova equipe econômica conseguiu economizar R$ 10,4 bilhões em janeiro. É o pior resultado para o primeiro mês do ano desde 2009. Mas é também a maior economia que o governo central foi capaz de fazer desde abril do ano passado (quando o superávit foi de R$ 16,6 bi). A chave virou, a partir de agora sem truques ou alquimias. Mas o superávit não foi sem custo, os investimentos recuaram, o que traz consequências. Para o ajuste continuar, a equipe vai precisar de apoio político.  
Não é pouca coisa tirar o Tesouro Nacional, a Previdência Social e o Banco Central do déficit primário de R$ 17,2 bi em 2014 para a economia de R$ 10,4 bi registrada em janeiro. Os investimentos recuaram 30,8% em comparação com o primeiro mês do ano passado; apenas no PAC, o corte foi de 34,4%. Foram R$ 4,7 bi investidos no começo de 2015 contra R$ 7,3 bi um ano antes. 
Por trás desses números, há muito esforço. A atividade está fraca, o ambiente é recessivo e à nova equipe econômica coube cortar os investimentos, o que os políticos não gostam. O superávit foi conquistado mesmo com apoio político fraco, com o ajuste fiscal sendo golpeado pelo próprio partido da presidente. É mais um ponto que precisa mudar para que a meta de economia do governo central no ano, de R$ 55 bi, seja alcançada.