
Deputado Hugo Motta (esq.) ao lado do líder do PMDB, Leonardo Picciani, que o anunciou presidente da CPI da Petrobras na segunda-feira (Foto: Fernanda Calgado / G1)
Não bastasse o presidente peemedebista da Câmara, Eduardo Cunha, ter cumprido a promessa de entregar a relatoria da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras ao PT, seu partido escolheu para presidi-la um deputado que votou a favor da fraude fiscal de Dilma Rousseff – aquele episódio do fim de 2014 em que a presidente ofereceu o Natalão de 748 mil reais individuais aos parlamentares para mudar a lei orçamentária que descumpriu.
Eleito aos 21 anos e hoje com apenas 25, Motta vem sendo anunciado aqui no país sem memória como o deputado da Paraíba que presidiu a Comissão de Fiscalização e Controle no mandato passado, quando foram convocados a ex-presidente da Petrobras Graça Foster e o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega para falar sobre a compra da refinaria de Pasadena.
O colegiado, nas mãos do PMDB, impôs uma série de derrotas ao governo, e Motta agora promete embates caso o PT “não queira investigar”, mas, na hora de livrar Dilma de responder pelo crime de responsabilidade, que poderia levá-la ao impeachment, ele votou “Sim”, como mostra a lista divulgada neste blog.
A declaração do deputado na época mostra que a roupa de pizzaiollo da CPI, que poucos queriam vestir, tem o seu número: “O Congresso deu uma demonstração de que reconhece as consequências caso o projeto não fosse aprovado”, disse Motta, eximindo Dilma das consequências pela irresponsabilidade. “Quem mais necessita de recursos, que são os Estados e, principalmente, os municípios, sofreriam com o corte de recursos para obras em uma hipótese de não aprovação, além disso, o governo teria que cortar as desonerações, entre outras medidas que, acredito, não seriam benéficas para a população”, completou o deputado benéfico para o PT, justificando o Natalão.
Já o relator Luiz Sérgio (RJ), escolhido pela bancada petista e pelo Palácio do Planalto para dividir o comando com Motta, ganhou o apelido de “garçom” – aquele que só anota os pedidos – quando foi ministro de Dilma. É o que se nota pelo seu pronunciamento de duas semanas atrás na tribuna da Câmara, quando disse que “A Petrobras precisa ser defendida”, “A corrupção não é algo que se tenha iniciado agora” e a oposição “não tem coragem de deixar de maneira muito clara que estão defendendo a privatização (da estatal)”. Luiz Sérgio apenas pegou emprestado o teleprompter da presidente, escrito por João Santana.
Com este “garçom” servindo a um dos parlamentares que ajudou o PT a limpar a cena do crime, a CPI da Petrobras tem tudo para acabar em mais uma pizza vermelha de tanto ketchup.