segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

"Levy evoluiu da meia palavra para o diminutivo"

Com Blog do Josias


Durante a campanha eleitoral, Dilma Rousseff estava condenada às meias palavras. Certos assuntos não podiam aparecer por inteiro. Desequilíbrio fiscal, descontrole inflacionário, câmbio sobrevalorizado e estagnação econômica, por exemplo, eram temas proibidos.
Esse tempo passou. As providências adotadas por Dilma depois da abertura das urnas escancararam uma crise de palavras inteiras. Mas o ministro Joaquim Levy, importado por Dilma da trincheira inimiga para comandar uma Fazenda sem entrelinhas, ainda não se sente à vontade. Sua principal ferramenta de gestão é a régua.
É divertido ouvir Levy escolhendo as palavras com o cuidado de um petista ao falar sobre o descalabro fiscal que Dilma produziu no seu primeiro reinado. Num esforço para não ir longe demais, o ministro infatiliza-se. Impedido pelos fatos de continuar usando as meias palavras, Levy se expressa no diminutivo.
Nesta segunda-feira (23), falando para uma plateia de empresários, o titular da Fazenda referiu-se à irresponsabilidade fiscal de sua chefe assim: “Pode ter tido um pouquinho de, vamos dizer assim, uma escorregadazinha. Mas eu acho que, prontamente, a responsabilidade aflora. E esse comprometimento certamente é o que vai garantir a gente ter os juros caindo.''
Escorregadazinha? Hummmmm… É compreensível que o ministro tenha medo de levar uma bronca. Tomada pela fama, madame não é de alisar a cabeça. Mas Joaquim Levy precisa respeitar a inteligência das crianças.