sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

Empresa operava navio-plataforma que explodiu de forma irregular, diz Crea

UOL

Especialistas retornaram nesta manhã ao navio para verificar se há condições de segurança para seguir com as buscas
Especialistas retornaram nesta manhã ao navio para verificar se há condições de segurança para seguir com as buscas

A BW Offshore, empresa norueguesa que operava o navio-plataforma da Petrobras FPSO Cidade de São Mateus, atuava de forma irregular na bacia do Espírito Santo, afirmou o Crea-ES (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Espírito Santo). Há dois dias, uma explosão na casa de máquinas da plataforma, localizada na região de Aracruz, no litoral norte do Estado, matou ao menos cinco pessoas e deixou outras quatro desaparecidas.
Segundo nota do Crea-ES divulgada nesta quinta-feira (12), a offshore não tem registro no conselho profissional, obrigatório para atuar no Estado. A BW também não consta na listagem de empresas contratadas pela Petrobras enviada ao Crea. Procurada pelo UOL, a empresa não se pronunciou até a publicação desta reportagem.
A BW Offshore informou nesta sexta-feira que, entre as cinco pessoas que morreram no acidente, estão quatro brasileiros e um indiano. Outros quatro brasileiros continuam desaparecidos.
De acordo com o comunicado, os corpos chegaram na noite de ontem ao DML (Departamento Médico Legal) de Vitória. Os nomes das vítimas não foram divulgados.
Uma equipe de especialistas retornou nesta manhã à unidade para verificar se há condições de segurança para dar seguimento às operações de busca.
A BW informou ainda que sete pessoas feridas seguem sob cuidados médicos em hospitais da Grande Vitória. "A gerência da BW Offshore está em Vitória com a tripulação, e o suporte a eles e seus familiares está sendo fornecido", diz a nota.
A empresa norueguesa reforçou que o casco do navio-plataforma está intacto. Ontem, fotos registradas pela Marinha do Brasil e distribuídas pela imprensa mostraram uma inclinação na embarcação, com a popa (parte traseira) mais afundada.
A sala de máquinas, que alagou após a explosão na casa de bombas situada ao lado, fica próximo à popa. A Marinha não quis comentar as imagens, mas o Sindicato dos Petroleiros do Espírito Santo (Sindipetro-ES) confirmou a existência da inclinação, embora não haja riscos de afundamento total do navio-plataforma.
"Uma equipe de especialistas retornou à unidade para avaliar se as condições são suficientemente seguras para permitir a continuidade dos esforços de busca e resgate", informou a BW.
A Marinha informou, em nota, que o navio-plataforma foi vistoriado em abril de 2014 pelos inspetores navais da Capitania dos Portos do Espírito Santo. Foram encontradas e sanadas 12 deficiências e a plataforma recebeu, em maio, a "Declaração de Conformidade para Operação da Plataforma", documento que autoriza a sua operação em águas jurisdicionais brasileiras, válido até abril de 2015.
A Marinha lembrou ainda que os problemas apontados não tinham relação com os equipamentos e sistemas de segurança da casa de bombas da unidade, onde teve origem o acidente.

Alto risco

Segundo o inspetor de equipamento Gerson Pistori, especialista em segurança de plataformas, que presta serviços para Petrobras há 13 anos, o navio-plataforma FPSO Cidade de São Mateus era classificado como um local de alto risco por operar com gás. Ele acredita que o mais provável é que o acidente tenha ocorrido em uma área restrita da plataforma.
"As plataformas são todas setorizadas, poucas pessoas têm acesso a área da casa de bombas. O grosso do pessoal deveria estar em uma área longe do acidente, já que estão conseguindo fazer resgate aéreo e por baleeiro (navio específico para resgates em alto mar)", afirma.
O navio-plataforma produziu em média 2,5 milhões de metros cúbicos de gás natural por dia e 2.000 barris de petróleo por dia em dezembro. (Com Estadão Conteúdo)