terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Eduardo Cunha defende pressa na votação de medidas do ajuste fiscal do governo Dilma

Isabel - O Globo


O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), manifestou nesta terça-feira preocupação com a demora na instalação das comissões especiais que irão analisar as duas medidas provisórias que restringem benefícios trabalhistas e previdenciários e são parte do ajuste fiscal proposto pelo governo Dilma Rousseff. Para Cunha, é preciso dar sinalizações ao mercados econômicos. Os líderes do PT, Sibá Machado (AC), e do PMDB, Leonardo Picciani (RJ), reafirmaram a disposição de dialogar com o governo sobre as medidas, mas cobraram demonstração da necessidade delas para o ajuste fiscal.
— São medidas que precisam dar sinalização para os mercados, já que as agências de risco estão todas, no próximo mês, para poder manter ou não o grau de investimento no Brasil. Acho que a sinalização é votar, mesmo que tenha de ter algum ajuste, o ideal é que se vote rápido — afirmou Cunha.
O presidente da Câmara e outros integrantes da cúpula do PMDB participaram na noite de ontem de jantar com ministros da área econômica, entre eles Joaquim Levy e sinalizaram a disposição do partido em ajudar na aprovação do pacote de medidas proposto pelo governo. Picciani classificou como positiva conversa com Levy. Segundo o peemedebista, o ministro se mostrou aberto a discutir alternativas às medidas e defendeu-as como uma necessidade de demonstração de austeridade por parte do Brasil. Para o peemedebista, no entanto, é preciso que o governo demonstre a necessidade dos ajustes para o economia brasileira.
— Queremos uma demonstração do governo de que os ajustes são necessários, o PMDB já teve boa vontade na revisão da meta fiscal. Tem que ficar claro que há perspectiva de melhora na economia. Arrocho por arrocho, não se sustenta no Congresso — disse Picciani, acrescentando:
— Sabemos que o assunto é grave, a perspectiva de rebaixamento da nota de ratting do Brasil, mas queremos saber quais medidas, corrigir distorções sem retirar garantias.
Picciani também elogiou a conversa desta terça-feira de líderes da base aliada com outros ministros sobre as medidas que envolvem as duas MPs que restringem o acesso a benefícios trabalhistas. O líder do PMDB disse que o diálogo deve ser “permanente e não apenas nos momentos de crise”.
O líder do PT, Sibá Machado (AC) disse que a reunião de hoje dos ministros com a base aliada foi importante para explicar coisas que estavam mal explicadas sobre as medidas contidas nas MPs. Segundo Sibá, o PT irá estudar as medidas, mas os petistas querem debater com o ministro Levy com maior profundidade.
— Queremos que o ministro Levy apresente uma programação completa para 2015 na busca do crescimento. Para avançarmos nas negociações, precisamos de elementos que permitam defender o ajuste. As emendas de bancada não foram tiradas do nada e apresentadas para a negociação — disse o líder do PT, acrescentando:
— Vamos participar da negociação com o governo.
O líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE) afirmou que o governo está aberto a dialogar com a base e até mesmo a discutir alterações pontuais nas duas medidas provisórias que restringem o acesso aos benefícios trabalhistas. Segundo o líder, o governo quer manter a essência das propostas, mas é possível selecionar algumas mudanças propostas pelos parlamentares e debatê-las.
Guimarães avisou ainda que os ministros virão frequentemente ao Congresso e não haverá tema proibido para o debate.
— Vamos dar ritmo ao debate de mérito. É proibido impedir debate aqui dentro, o governo mandará todos seus ministros, não só para essas MPs. Vamos acabar com essa firula da oposição que todo tempo mete requerimento de convocação. Os ministros vêm, temos todo o interesse de povoar essa casa com a presença ministros, em comissões e plenário. Não tem mais crise sobre isso, convida-se, eles vem e se discute tudo — avisou o líder do governo, acrescentando:
— Os ministros virão aqui para debater qualquer assunto, seja indigesto ou não. E é bom que esclareçam, não fica só a voz da oposição aqui dentro.
Guimarães destacou que 12 líderes da base compareceram à primeira reunião com ele e o ministro Pepe Vargas (Relações Institucionais), recompor a base no que é pauta do governo no Congresso Nacional. O líder fez questão de ressaltar que o PMDB " vem colaborando enormemente" com o governo.
Na reunião, líderes aliados cobraram outras medidas que não atinjam somente a classe trabalhadora, mas os mais ricos, como a taxação de grandes fortunas e a recriação de um imposto para o custeio da saúde. Guimarães reforçou que não são iniciativas do governo, mas dos líderes aliados e que estão em fase de discussão.
Em relação aos vetos da sessão marcada para a noite desta terça-feira, o líder disse que há necessidade de mantê-los em função da questão fiscal do país. Guimarães disse que os ministros também virão à Câmara para falar com os deputados.
— O único pedido que os líderes da base fazem é atenção, que os ministros recebam os deputados. Os ministros virão. Esses são debates específicos para atender deputados, a pauta política vamos debater na reunião de líderes — disse Guimarães