terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Diretoria da Petrobras sabia, em 2009, do prejuízo em Abreu e Lima, diz Venina

Cleide Carvalho - O Globo

'Havia um pedido para não explicitar os valores', assina geóloga


A geóloga Venina Fonseca afirmou toda a diretoria da Petrobras, incluindo o presidente, Sérgio Gabrielli, soube em julho de 2009 que o projeto da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, havia se tornado inviável em função da escalada de preços e, mesmo assim, decidiu levar adiante a obra. Segundo Venina, foi feita uma apresentação à diretoria em julho daquele ano sobre e, em seguida, houve um pedido da Secretaria da Diretoria, que passou a dialogar com Francisco Paes, assistente do então diretor de Abastecimento Paulo Roberto Costa, para que os valores do prejuízo não fossem explicitados nas apresentações.

Venina explicou que em 2006, quando foi planejada, a refinaria foi orçada em R$ 2,4 bilhões. Em julho de 2009, a obra já estava orçada em R$ 13,4 bilhões e havia deixado de ser viável, pois apresentava rentabilidade negativa de R$ 1,9 bilhão.- A gente informava que a rentabilidade era negativa. Houve um momento de desconforto e o secretário da diretoria passou a discutir com Francisco Paes. Havia um pedido para não explicitar esses valores - disse Venina, que prestou novo depoimento ao juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal em Curitiba, no processo que envolve a Galvão Engenharia.

A geóloga, que era responsável pela avaliação econômica e acompanhamento orçamentário do projeto, diz que permaneceu no posto apenas até outubro de 2009, quando foi enviada para trabalhar em Cingapura. Um mês depois, o projeto foi aprovado e a obra começou a ser executada. Naquele momento, segundo ela, o gasto com a Refinaria de Abreu e Lima tinha sido de R$ 440 milhões e a Petrobras já tinha compromissos de R$ 1,5 bilhão contratados. Se tivesse decidido parar, teria perdido cerca de R$ 2 bilhões.

- Mas a decisão não foi esta. Sai num momento de muito desgaste, pois começaria a execução da obra. Um mês depois que sai (outubro de 2009) o projeto foi aprovado e começou a fase de execução.

Segundo Venina, a Refinaria de Abreu e Lima alcançou um custo de R$ 17 bilhões e o prejuízo, chamado de rentabilidade negativa, chegou a R$ 3 bilhões, superior ao orçamento inicial da obra.