quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

"Amadorismo", por Ilimar Franco

O Globo


 A oposição se diverte com o que define como incompetência da ação do governo na Câmara. Envolvidos na luta pela presidência da Casa, os governistas foram negligentes na defesa política do governo Dilma. Estivessem concentrados nisso e teriam coletado apoios para 5 CPIs e requerido sua instalação antes da oposição protocolar a CPI da Petrobras. Na Câmara, podem funcionar 5 comissões ao mesmo tempo. A da Petrobras foi a terceira.
As duas bases governistas
A criação de nova CPI da Petrobras na Câmara revela a existência de duas bases do governo. Uma formada por deputados que foram aliados do PT na eleição presidencial e nos estados. Outra integrada por parlamentares de siglas coligadas nacionalmente, mas adversárias estaduais. Foram 52 os aliados que assinaram a criação da CPI. Desses, 39 disputaram com o PT nos estados. E 13 são de aliados nacionais e estaduais. Essa constatação mostra que a base do governo tem um núcleo duro e outro móvel, que precisa ser conquistado a cada votação. Governistas dizem que não ajuda o Planalto o hábito petista de falar mal dos aliados de olho na partilha dos cargos.
As estrelas coroadas e o generalato do Senado estarão todas na Comissão de Ética

Cássio Cunha Lima 
Líder do PSDB, prometendo o troco pela exclusão do PSDB da Mesa e ironizando as citações ao presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB), nos relatos das delações premiadas no escândalo da Petrobras
Alhos com bugalhos
O PSDB não obteve as assinaturas para a CPI do Setor Elétrico a tempo de que ela fosse uma das cinco primeiras a ser requerida. Querem agora que o presidente da Casa, Eduardo Cunha, adote a tese de que tem o mesmo objeto a CPI do Sistema Penitenciário e a das Mortes de Jovens Negros.
Ele é o cara?
O presidente da Vale, Murilo Ferreira, é um forte candidato para assumir a presidência da Petrobras. Ele virou alternativa em dezembro, quando a demissão de Graça Foster foi definida como uma necessidade para resgatar a imagem da estatal. Murilo tem um cabo eleitoral e padrinho poderoso no Planalto, o ministro Aloizio Mercadante (Casa Civil).
O acordo secreto dos tucanos
O presidente da Câmara, Eduardo Cunha, vai entregar para o PSDB a presidência da Comissão de Finanças, a segunda mais importante. O PMDB ficará com outra de menor peso. A troca foi acertada quando os tucanos, antes de serem enquadrados, negociavam o apoio a Cunha.
Os tempos e os discursos mudam
Depois de terem apoiado um candidato avulso à presidência do Senado, contra o escolhido pelo PMDB (maior bancada), senadores da oposição entoaram loas ao critério da proporcionalidade. A exclusão dos derrotados na eleição para as mesas do Congresso foi inaugurada em 1995 por Luiz Eduardo Magalhães (PFL), quando presidia a Câmara no governo Fernando Henrique Cardoso.
Pagando a conta
Para ampliar o Bloco do PMDB na Câmara, resistindo à pressão do Planalto, o presidente da Casa, Eduardo Cunha, cedeu ao PP a presidência da CCJ. “O PMDB ganhou a CCJ por 4 anos ao formar o maior Bloco. Para ter 4 dei 1”, resumiu.
A próxima batalha
Depois de terem se retirado da eleição da Mesa do Senado, os tucanos definiram que não irão disputar a presidência das comissões, caso persista a intenção de tratorar o PSDB e o PSB.
Mesmo tendo reassumido o Ministério das Relações Institucionais, o nome de Pepe Vargas constava ontem no Painel Eletrônico de votação da Câmara.