sexta-feira, 22 de agosto de 2025

Oeste ‘forever’, por Guilherme Fiuza

instituições que possam sobreviver às pessoas


Foto: Montagem Revista Oeste/Shutterstoc


— Vou fazer a assinatura vitalícia da Oeste. 

— O que é isso? 

— Assinatura pro resto da vida. 

— Pra quê? 

— Ué? Pra não precisar renovar nunca mais. Vou poder ler a revista inteira sempre que eu quiser. 

— Como é que você sabe o que você vai querer ler daqui a dez anos?

— Vou querer ler a Oeste. 

— E se a revista mudar de dono? E se ela virar mais um puxadinho do sistema? 

— É ruim, hein? 

— Sei lá. Já vi de tudo na imprensa. 

— Comecei a ler e assistir a Oeste na pandemia. Era justamente o lugar onde eu conseguia ver as coisas fora do terror do sistema. 

— É, mas as coisas mudam. 

— Claro que mudam. Num país onde até o passado é incerto… Que dirá o futuro. 

— E aí você vai fazer uma aposta pra vida inteira. 

— Vou. 

Foto: Shutterstock


— Não tem medo de se arrepender? 

— As pessoas estão apostando até em quem vai receber cartão amarelo. Por que eu não posso apostar num veículo em que eu confio? 

— Confia hoje. Como você mesmo disse, aqui até o passado é incerto.

 — Não vou me arriscar a prever o passado. Vou investir na previsibilidade do futuro. 

— Pra quê? 

— Qualquer construção de país tem que ter coisas que durem, instituições que possam sobreviver às pessoas. 

— E se o PT mudar o mapa de novo, invertendo Leste e Oeste? A revista que você assinou pra sempre pode ir parar na China. 

— Tenho fé que a Oeste sobreviverá ao IBGE. 

— E se o Augusto Nunes começar a falar bem do Lula? Tenho visto metamorfoses impressionantes nesse campo… 

— Mais fácil um elefante sobrevoar o Palácio da Alvorada dando tchauzinho pra Janja.


Foto: Shutterstock

— O certo é Palácio “do” Alvorada. 

— Vejo que você andou estudando português com a primeira-dama. 

— Não foge da minha pergunta.

— Que pergunta? 

— Sobre o principal jornalista da Oeste. 

— Bom, se a minha resposta não ficou clara, vou tentar ser mais explícito: a probabilidade de o Augusto Nunes dar essa pirueta intelectual que você mencionou é exatamente a mesma de a Dilma Rousseff refutar Albert Einstein e reescrever a Teoria da Relatividade. 

— Ué? Por que não? Lá nos Brics ela está com tempo. 

— OK, desisto. Você venceu. 

— Não vai mais fazer a assinatura vitalícia da Oeste? 

— Vou.

 — Então por que você disse que desistiu?

— Desisti do diálogo com você. Mas vou fazer uma coisa melhor. 

— O quê? 

— Vou te dar de presente uma assinatura vitalícia da Oeste. Você vai precisar de tempo.


Foto: Shutterstock 

Guilherme Fiuza - Revista Oeste