N a edição anterior, Oeste esmiuçou o surto de mudez que contamina a velha imprensa diante das atitudes arbitrárias da cúpula do Judiciário. Agora, embora os veículos de comunicação nacionais continuem a sofrer da enfermidade, jornais e revistas internacionais começam a expor a sistemática violação dos direitos humanos em curso no Brasil.
Como detalha a reportagem de capa desta edição, assinada por Silvio Navarro, o jornal The New York Times registrou: “Moraes prendeu sem julgamento, bloqueou veículos de notícia e ordenou remoção de contas”. No domingo, 10, o Wall Street Journal publicou um artigo intitulado “Um Golpe de Estado da Suprema Corte no Brasil”. A agência de notícias Reuters informou que o Departamento do Tesouro americano sancionou Moraes por “autorizar detenções arbitrárias e suprimir a liberdade de expressão”.
Algumas dessas arbitrariedades estão descritas na reportagem de Cristyan Costa. Entre as vítimas está um homem com hanseníase, que passou dois meses na cadeia mesmo sem ter pisado na Praça dos Três Poderes no dia 8 de janeiro de 2023. Há também a dona de casa Vildete Guardia, de 74 anos, cuja prisão domiciliar foi revogada depois que sua tornozeleira eletrônica apresentou problemas técnicos.
Augusto Nunes - Enquanto a imprensa brasileira estatizada segue descrevendo um país inexistente, o New York Times começou a enxergar o Brasil real que a Revista Oeste vem escancarando há cinco anos
Segundo Rodrigo Constantino, algumas vezes as democracias são ameaçadas por populistas autoritários, caricaturas com perfil fascista.
“Mas muitas outras vezes”, observa, “se veem ameaçadas justamente por lobos em pele de cordeiro, por ‘democratas’ que juram defendêlas, mas que pregam métodos autoritários sob o pretexto de que é preciso fazer de tudo para combater os ‘fascistas’ imaginários.” Donald Trump e Lula, por exemplo, têm perfis distintos.
Como mostra Adalberto Piotto, Trump usa os fatos para ampliar o peso da economia americana e sua influência no mundo. Já Lula “usa tudo o que pode para afrontar os fatos como um déspota que só pensa em seu projeto de poder particular.” Os fatos revelam que, depois dos Correios, da Infraero, da Engepron (ligada a projetos navais), da Serpro (processamento de dados do governo) e de várias outras, mais uma estatal brasileira começa a registrar números bastante preocupantes.
A reportagem de Artur Piva informa que o balanço trimestral do Banco do Brasil, divulgado nesta quinta-feira, acusou uma queda de 66% no lucro líquido da instituição em relação ao mesmo período do ano passado. “Como pode o Brasil ter reeleito Lula mesmo depois do que foi exposto no Mensalão?”, pergunta Alexandre Garcia.
Ele mesmo responde: “Se escolas ensinassem — bastaria que ensinassem —, o conhecimento ajudaria a blindar os enganados”. O descrédito da imprensa, a guerra do futuro e o excesso de oferta de streamings também estão entre os destaques desta edição.
Boa leitura.
Branca Nunes, Diretora de Redação
Revista Oeste
