Raquel Lyra alfinetou prefeito do Recife cuja gestão é investigada pela polícia
A governadora de Pernambuco, Raquel Lyra (PSD), fez um discurso inflamado, nesta quinta-feira (14), afirmando não tolerar a corrupção e alfinetando o prefeito do Recife, João Campos (PSB), que lidera pesquisas e ameaça sua reeleição, em 2026.
Raquel bradou que já passou o tempo em que o governo de Pernambuco ocupava as páginas policiais, no mesmo dia em que uma operação policial buscou provas de que um esquema de corrupção teria se instalado na Prefeitura do Recife, a partir de 2021, no primeiro mandato de seu rival do PSB.
“Polícia para gente é alguém que a gente trabalha todo dia para cuidar do nosso povo. Mas nosso governo não tolera a corrupção. O dinheiro sagrado do povo de Pernambuco é para ir em benefício da população. A Polícia Federal, para mim, são meus amigos. Vêm em casa para me visitar para tomar café. O que a gente quer é trabalhar com a polícia para que ela aprenda bandido e bote na cadeia. Mas, página policial para o governo de Pernambuco, mais, não! Esse tempo passou!”, enfatizou Raquel Lyra, em cima de uma cadeira.
Aplaudida quando discursava no Sertão, durante entrega de ações indicadas pela população em seu projeto “Ouvir para Mudar”, a ex-prefeita de Caruaru ressaltou que agora seria tempo de “olhar para frente”. E afirmou ter um jeito de fazer política diferente, que incomodaria aqueles que “fazem as coisas do mesmo jeito sempre” e não admitem que uma mulher do interior de Pernambuco seja governadora.
“Diga a eles que eu tô firme! Eu tô de pé! Diga a eles que eu não estou sozinha, porque eu tenho um povo ao meu lado. […] Diga a eles que os prefeitos confiam em mim, os vereadores e as lideranças dos sindicatos, porque a gente trabalha para todos e para cada um”, disse Raquel Lyra.
Com apoio do presidente Lula (PT), João Campos lidera a disputa ao governo de Pernambuco, pontuando entre 56,5% e 57% de intenções de voto, segundo levantamento da Paraná Pesquisas, divulgado na terça-feira (12). Raquel Lyra pontua entre 24% e 24,2%.
Operação e agenda com Lula
Ontem, João Campos participou com Lula de uma solenidade de entrega de mais 599 títulos de propriedade, no bairro Brasília Teimosa. No mesmo dia em que celebrava a presença do presidente petista na capital pernambucana, o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público de Pernambuco (MPPE) e a 29ª Promotoria de Justiça Criminal da Capital cumpria mandados de busca contra um grupo criminoso especializado no desvio de verbas públicas que deveriam ser empregadas na manutenção e recuperação predial.
“O grupo agia por meio de uma sofisticada e complexa estratégia de adesão a atas de registro de preços, conluio entre empresas de Minas Gerais e Pernambuco, seus respectivos representantes e sócios, com possível participação de servidores públicos e outros agentes encarregados pela fiscalização de obras e serviços de Engenharia na capital pernambucana. […] A Prefeitura do Recife aderiu a algumas atas e realizou contratações significativas, que alcançaram o patamar de mais de R$ 100 milhões”, disse o MPPE, sobre o esquema conhecido como “barriga de aluguel”.
Outro lado
A Prefeitura do Recife nega ilegalidades. Veja a nota:
A Prefeitura do Recife reafirma seu compromisso com a legalidade, transparência e eficiência na gestão pública, esclarecendo que todas as contratações seguiram rigorosamente o que é previsto em lei. Antes mesmo de qualquer apuração, a administração municipal agiu de forma proativa, procurou o Ministério Público de Pernambuco (MPPE) e disponibilizou todas as informações sobre os contratos em questão.
Como informado pelo próprio MPPE, a ação se restringiu ao eventual vínculo entre as empresas. Em relação à contratação, a Prefeitura do Recife reforça que o processo se deu por adesão à ata de registro de preços – que é resultado de uma licitação. A medida é largamente adotada pela administração pública, a exemplo do que ocorre no Governo de Pernambuco, na União e em outras cidades brasileiras, uma vez que garante rapidez, eficiência e economia.
A participação das empresas se deu por Sociedade em Conta de Participação (SCP), também prevista pela legislação. A Prefeitura reforça que possui rígidos mecanismos de controle financeiro e orçamentário e que segue à disposição dos órgãos de fiscalização para prestar todos os esclarecimentos necessários.
Diário do Poder
