sexta-feira, 1 de janeiro de 2021

"San Francisco teve mais mortes por overdose do que por Covid-19", revela Kerry McDonald, economista e especialista em educação, da Foundation for Economic Education

 


Aos poucos as pessoas começam a perceber que a saúde geral e o bem-estar

de seus entes queridos vai muito além do vírus chinês - Foto: Pixabay


É bem provável que, ao ler isso, você esteja sujeito a lockdowns, medidas restritivas, regulamentações e decretos de autoridades que reagem à pandemia de coronavírus com mais coerção e controle. Na verdade, o Wall Street Journal publicou uma matéria dizendo que os estados e cidades norte-americanos “impuseram as medidas mais restritivas aos negócios e reuniões sociais” desde a primavera.


Muitos argumentam que essas novas restrições são fundamentais para se retardar o surto atual de Covid-19 em algumas regiões, mas alguns pesquisadores têm dito que os lockdowns e os decretos governamentais que se atém apenas à contenção da Covid-19 têm consequências muitos piores para a saúde pública em outras áreas. Esse efeito colateral dos lockdowns já está aparecendo. Os dados mostram sobretudo uma tendência ao aumento das overdoses e dos suicídios em 2020, uma vez que as pessoas – sobretudo os jovens, que são os menos suscetíveis à Covid-19 — foram obrigadas a se isolarem dos amigos, familiares e comunidades.


Mais mortes por overdose durante os lockdowns

A situação desesperada foi revelada num novo e impressionante relatório estatístico. De acordo com a Associated Press, 621 pessoas morreram de overdose em San Francisco ao longo de 2020, em comparação com 173 mortes na cidade decorrentes da Covid-19. São 441 mortes por overdose a mais do que em 2019. A Califórnia impôs algumas das restrições mais duras do país neste ano, e mesmo assmi está vendo o número de casos de Covid-19 aumentar.


Uma pesquisa do instituto YouGov descobriu que 39% dos pesquisados que estavam se recuperando de algum vício antes dos lockdowns tiveram uma recaída. Outra pesquisa mostra aumentos no uso abuso de drogas e álcool em 2020, e o CDC diz que as mortes por overdose estão em ritmo ascendente durante a pandemia.


Martin Kulldorff, bioestatístico e epidemiologista da Faculdade de Medicina de Harvard, critica os lockdowns desde o início da pandemia, alertando que essas medidas coercitivas gerariam mais danos à saúde pública e aumentaria a mortalidade.


"A estratégia atual dos lockdowns causou muitas mortes em excesso, tanto por Covid-19 quanto pelos efeitos colaterais de outros problemas de saúde”, disse recentemente Kulldorff à revista Newsweek. “Uma estratégia de proteção focada, como exposta pela Great Barrington Declaration, diminuiria o contágio e a mortalidade protegendo os mais velhos e outras pessoas vulneráveis e permitindo que os jovens vivessem normalmente”.


Kulldorff também sugere que os novos dados que mostram as mortes em excesso, nos Estados Unidos, de pessoas entre 25 e 44 anos se devem sobretudo ao efeito colateral dos lockdowns.


Suicídios também aumentaram em 2020

Além do aumento na morte causada pelo uso de drogas e álcool, as tentativas de suicídio também aumentaram neste ano. O jornal Washington Post mostra que a depressão e a ansiedade cresceram desde a chegada do coronavírus.


“Pesquisas em todo o país mostram que 40% dos norte-americanos hoje enfrentam ao menos um transtorno de saúde mental ou relacionado a drogas. Mas os jovens adultos têm sido mais afetados do que os demais grupos etários, com 75% enfrentando algum problema do tipo”, noticia o Post. “Mais assustador ainda, quando o CDC perguntou aos jovens adultos se eles tinham pensado em se matar nos últimos 30 dias, 1 em 4 disse que sim”.


O Post explica que só teremos dados precisos sobre os suicídios de 2020 daqui a dois anos, devido à lentidão dos mecanismos de registro. Mas dados estaduais e municipais de algumas regiões sugerem que houve uma quantidade assustadora de suicídios neste ano. No Condado de Columbia, no Oregon, no meio do ano os suicídios já tinham ultrapassado a contagem de 2019. No Condado de DuPage, perto de Chicago, houve um aumento de 23% nos suicídios em relação ao ano passado. Outros grandes condados dos Estados Unidos testemunharam tendências igualmente agourentas e, no Japão, os suicídios em outubro superaram o total de mortes por Covid-19 do ano todo.


Desobediência Civil de fim de ano

À medida que as famílias avaliam como passar as festas de fim de ano entre o isolamento social para retardar a disseminação do coronavírus e os danos que esse distanciamento nos causa, muitas pessoas estão optando por ignorar os alertas das autoridades de saúde pública para evitar viagens e aglomerações.


O jornal New York Times conta que milhões de pessoas passaram pelos aeroportos na semana do Natal, enquanto o Wall Street Journal indica que quase 85 milhões de norte-americanos deve viajar entre 23 de dezembro e 3 de janeiro, uma queda de 30% em relação ao ano passado.


Mais famílias talvez estejam vendo o dano que esses lockdowns e medidas restritivas estão causando a seus entes queridos e por isso não estão mais dispostas a obedecer a leis draconianas. Talvez seja mais fácil para elas tomarem uma decisão depois de verem autoridades de saúde pública e políticos violando os alertas de aglomerações e viagens que impõem aos outros.


A Covid-19 deve ser levada a sério como ameaça à saúde pública. Mas os danos dos lockdowns e decretos que estão provocando números recordes de overdoses e suicídios também, assim como outros tipos de efeitos colaterais como o aumento na pobreza mundial e a queda nos exames de câncer.


Enquanto as autoridades eleitas continuam focadas apenas na Covid-19, as famílias que se reúnem neste fim de ano percebem que a saúde geral e o bem-estar de seus entes queridos vai muito além do vírus.


Kerry McDonald é membro da FEE, escritora, economista e especialista em educação


Kerry McDonald, FEE - Foundation for Economic Education