Um dia e meio depois da entrevista do vice-presidente à Rádio Bandeirantes, o presidente Jair Bolsonaro reagiu à afirmação do general Hamilton Mourão sobre a provável demissão do ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, na reforma ministerial que ele prevê para depois da eleição das mesas diretoras do Senado e da Câmara.
Bolsonaro afirmou nesta quinta (28) que é ele quem escolhe e demite ministros, se referiu se forma velada ao general como “palpiteiro” e disse que quem quiser escolher os membros do primeiro escalão do governo deve se candidatar nas próximas eleições presidenciais.
Em entrevista à rádio Bandeirantes nesta quarta-feira (27), Mourão foi questionado pelo jornalista Cláudio Humberto sobre a situação do atual chanceler. O vice-presidente ressalvou que não participou de qualquer reunião sobre o assunto, mas fez a previsão de mudanças ministeriais a partir da “nova composição política que emergir” da eleição no Congresso, e citou Ernesto Araújo como provável substituído.
Bolsonaro disse que não comentaria, ao ser indagado sobre o assunto ao chegar ao Palácio do Alvorada, no final desta tarde. Ele ironizou dizendo que não sabia nada sobre trocas de ministros e que as perguntas deveriam ser destinadas a Mourão.
Após uma oração com os apoiadores, no entanto, mudou de opinião. Começou atacando a imprensa, por “semear discórdia” ao noticiar possíveis mudanças de ministros, e completou em seguida que a situação se agrava quando membros do governo também aventam essas possibilidades.
“Eu lamento que gente do próprio governo agora passe a dar palpites no tocante à troca de ministros. O governo vai indo bem, apesar dos problemas que nós temos, e estou falando da pandemia que realmente deu uma atrapalhada em quase tudo”, afirmou o presidente.
“O que nós menos precisamos é de palpiteiros no tocante à formação do meu ministério. Deixo bem claro que todos os 23 ministros sou eu que escolho e mais ninguém. Ponto final. Se alguém quiser escolher ministro, se candidate em 2022 e boa sorte em 23”, completou.
Nesta quinta-feira, o presidente já havia elogiado o chanceler, que o acompanhou em viagem ao nordeste.
“Eu sempre digo, se ministro meu for elogiado pela mídia, ele corre o risco de ser demitido. Sem querer generalizar a nossa mídia. Temos bons jornalistas. Mas os figurões da mídia o tempo todo criticam o nosso Ernesto Araújo. O nosso homem que faz as relações públicas com o mundo todo.”
Diário do Poder