terça-feira, 29 de setembro de 2020

Trump encara Biden no primeiro debate para as eleições de novembro

WASHINGTON

O presidente Donald Trump e seu adversário, Joe Biden, enfrentam-se na noite desta terça-feira (29) no primeiro debate entre os candidatos à Casa Branca, na tentativa de dominar a narrativa e a atenção do eleitor cada vez menos interessado neste tipo de evento.

A estreia ao vivo —e com transmissão pela TV— é a chance para o republicano e o democrata amplificarem suas estratégias a 35 dias da eleição, mas pesquisas indicam que o número de indecisos está abaixo de 10% nos EUA, e o grupo que pode ser influenciado pelo debate é o menor em 20 anos.

Palco do primeiro debate entre os candidatos à Presidência dos EUA, Donald Trump e Joe Biden, é montado na cidade de Cleveland, em Ohio
Palco do primeiro debate entre os candidatos à Presidência dos EUA, Donald Trump e Joe Biden,  em Cleveland, em Ohio - Eric Baradat/AFP

Segundo levantamento feito pelo Wall Street Journal/NBC News, mais de 70% dos americanos dizem que não consideram o debate muito importante para decidir o voto, sendo que 44% afirmam que o evento não influencia de maneira nenhuma sua escolha para novembro.

Os índices dos que veem nos debates a chance de decidir o candidato têm caído bastante desde 2012, quando 38% diziam que o evento era muito importante para bater o martelo sobre o voto —hoje são 29%.

Ainda assim, auxiliares de Trump e Biden afirmam acreditar que o primeiro debate será relevante em meio à pandemia provocada pelo vírus chinês, que já matou mais de 200 mil pessoas nos EUA e imprimiu nova dinâmica à campanha, fazendo com que a maior parte dos eventos —principalmente do lado democrata— acontecesse de maneira virtual.

Biden lidera a média das pesquisas nacionais, mas Trump tem ganhado terreno em estados considerados chave, como Flórida e Pensilvânia. 

Trump, por sua vez, quer mudar de assunto e deve insistir na ideia de que o ex-vice de Barack Obama é velho e não tem capacidade mental para governar o país —o presidente tem 74 anos, enquanto Biden completa 78 em novembro.

Neste fim de semana, Trump voltou a pedir que o adversário faça um teste de drogas antes ou depois do debate presidencial. Ele diz que a "energia e o desempenho" do democrata mudaram drasticamente depois de um início de campanha pouco potente, insinuando que Biden usa drogas.

Auxiliares dizem que o ex-vice de Obama não deve perder tempo rebatendo todos os ataques.

Nos bastidores, porém, assessores de Biden não escondem a apreensão. O ex-vice de Obama é conhecido por cometer gafes em público e já perdeu a paciência com eleitores que o contradizem —em março, por exemplo, Biden xingou e ameaçou dar um tapa em um operário que o questionou sobre controle de armas.

Por causa da pandemia, os candidatos não se cumprimentarão com o tradicional aperto de mãos no início do debate, que será realizado em Cleveland, em Ohio, com mediação do jornalista Chris Wallace, da Fox News.

A plateia, geralmente de quase mil pessoas, deve cair para cerca de 80, que estarão no local de máscara e respeitando o distanciamento social, após passarem por testes para detectar o vírus chinês, Covid-19.

Para além dos ataques pessoais e do discurso nacionalista, a expectativa é que o presidente explore sua indicação da juíza conservadora Amy Coney Barrett à Suprema Corte, confirmada no sábado (26).

Com o movimento, considerado um dos mais importantes da corrida à Casa Branca, Trump acenou à sua base, bastante sensível à composição do tribunal.

Do lado de Biden, há também um fato novo a ser esmiuçado. No domingo (27), o jornal The New York Times revelou que Trump ficou dez anos sem pagar impostos e pagou apenas US$ 750 (R$ 4.171) em 2016, quando venceu Hillary Clinton.

Biden precisa de um desempenho ao menos mediano diante da árdua tarefa de se equilibrar entre ataque e defesa, sem perder a postura de presidenciável.

Democratas lembram que Obama não foi bem no primeiro debate em 2012, mas, mesmo assim, foi reeleito naquele ano. Republicanos, por sua vez, lembram que Hillary Clinton foi considerada vencedora de todos os embates com Trump em 2016, mas acabou derrotada em novembro

NYT e REUTERS