“(...) A questão é que tal processo de enriquecimento vocabular é realizado todos os dias, de modo natural, por falantes de uma língua e, em seguida, dada certos critérios objetivos (lingüísticos e gramaticais), o novo vocábulo pode passar pelo processo de gramatização e dicionarização, podendo ser usado, inclusive, na escrita formal, segundo a norma culta (...). Palavras trazem significados, idéias e formas de definir a realidade, e a escolha (inclinação) de certas palavras em detrimento de outras revela como uma sociedade , em linha geral, percebe a si mesma e o mundo ao redor ( comunidade local x comunidade global).”
“Como processo natural, todo o tratado antes é bem vindo, mas quando uma ideologia utiliza a esfera política para forçar a eliminação do uso de certas palavras, e conseqüentemente os significados que há nelas (idéias e percepções de mundo), para endossar o uso de outras, o diálogo com o contraditório é impossibilitado.”
A língua portuguesa, como qualquer outra língua viva, evolui, muda e se adapta, recebe influências de outras culturas, ganhando novas palavras, modificando a semântica de outras, alterando a ortografia de seu vocabulário e a pronúncia dos vocábulos. Não falamos e tampouco escrevemos como nossos avós e bisavós, da mesma forma que, certamente, o português dos nossos netos e bisnetos será distinto do nosso.
A língua possui variações, embora a língua portuguesa seja presente em Portugal e Brasil, há diferenças perceptíveis a nível fonético e vocabular, por exemplo. Nem precisamos ir tão longe, há diferença no português falado no nordeste e em São Paulo.
Assim como é rica a natureza humana e plural suas formas de expressão, assim, obviamente, também é a língua.
O que a esquerda busca, todavia, é controlar e nortear indivíduos através da linguagem. Controlar a linguagem é o meio para impedir que idéias e conceitos sejam expressos e debatidos.
O escritor israelense Amós Óz , em entrevista para o jornal digital GaúchaZH, disse algo pertinente:
“Eu sou um escritor, trabalho com palavras todos os dias, do mesmo modo que um carpinteiro trabalha com a madeira ou um pedreiro com tijolos. Assim, eu sinto uma responsabilidade para com a linguagem. Penso que muitos dos maiores males deste mundo começam com a corrupção da linguagem, e é meu dever gritar a cada vez que vejo alguém usando uma linguagem contaminada. Quando algumas pessoas chamam outras de "estrangeiros indesejáveis", "elementos negativos", "câncer social" ou "parasitas", sei que é sempre aí que começam a violência, a perseguição e a crueldade.”
O politicamente correto é uma mordaça ideológica e um crime contra a liberdade de expressão. A cultura do cancelamento é uma busca por silenciar o outro e relegar sua existência ao esquecimento. Reeducação nada mais é que obrigar alguém a aceitar toda sorte de mentiras, desinformação e podridão ideológica.
Agora surge um novo termo para ser colocado em todo individuo que não compactua com a agenda globalista e socialista: Ultraconservador; ser ultraconservador é não querer servir de capacho para uma ideologia genocida.
Através do termo, socialistas buscam tornar a existência de seus opositores em algo digno de suspeita e medo. Querem tratar quem não acredita no socialismo como criminoso.
O Presidente Donald Trump indicou a juíza Amy Coney Barrett para a Suprema Corte dos EUA por possuir uma carreira sólida e conhecimento notável, ademais de ser uma conservadora. Uma mulher que não defende o ativismo judicial e que não se dobra perante o movimento homossexual e feminista.
Um de seus filhos biológicos tem síndrome de Down, mas quando soube, através de exame pré-natal, ela decidiu não abortar seu bebê, um crime para grande parte do movimento feminista. Ela não acredita na cultura de privilégios que é defendida ferozmente pelo movimento LGBTI+, um ato horrendo para aqueles que desejam tornar o estado seu banco e babá.
O escritor Walter Williams, professor honorário de economia da George Mason University, em artigo publicado para o instituto Mises, Atos imorais começam pela corrupção da linguagem, afirma:
“Um dos mais ardilosos truques criados pelos defensores de políticas socialistas e intervencionistas foi o de recorrer a expressões aparentemente nobres utilizadas para conferir uma aura de legitimidade moral a atos essencialmente maléficos.”
Matar uma criança, especialmente com crueldade e barbárie, é ato insano e criminoso, mas denomine de aborto e direito reprodutivo da mulher que tudo será tratado com a maior naturalidade.
Prender cidadãos inocentes é absurdo, mas basta dizer que foi para garantir o bem-estar do coletivo, para proteger a sociedade do novo coronavírus (COVID-19), e a ação será vista sem muitas ressalvas.
Perseguir a imprensa é ato ditatorial e inquisitorial, contudo se for por “Fake News”, nada é mais honroso e justo.
Um homem pedir para uma criança tocar seu corpo nu é pedofilia, agora, se for pela arte, é algo a ser aplaudido.
O politicamente correto é um câncer que deve ser combatido todos os dias. Típico de homens e mulheres covardes e mimados que querem falar tudo que pensam sem respeitar o direito de resposta do outro.
Ofender, humilhar, perseguir, caluniar, insultar e agredir fisicamente e verbalmente o outro nunca foi tão fácil; Basta dizer que foi contra um conservador.
Em busca de “Um Mundo Melhor” tudo é válido, até mesmo perder a própria humanidade, convertendo-se em mero marionete no jogo politico e ideológico.
“O politicamente correto nada mais é do que uma ferramenta criada para intimidar e restringir a liberdade de expressão. Ao proibir a livre manifestação de idéias a respeito de uma miríade de assuntos, o politicamente correto funciona como uma linha de montagem mecanizada, cujo objetivo é padronizar e homogeneizar as idéias dos indivíduos, fazendo-os pensar e agir sempre de modo uniforme.”
“Para o politicamente correto, um debate aberto e sem censura, além de ofensivo para as minorias, é também subversivo, inflamatório e gerador de discórdias, devendo por isso ser censurado.” (Julian Adorney, diretor de marketing da Peacekeeper. Artigo O politicamente correto ataca um direito humano básico: a liberdade de pensamento e de expressão, publicado pelo Instituto Mises Brasil.)
Carlos Alberto Chaves Pessoa Júnior
Professor. É formado em Letras pela UFPE.
Jornal da Cidade