Átila Iamarino chegou a prever 1,4 milhão de mortos até o fim de agosto no Brasil. Neste 1º de setembro, o número é 10 vezes menor
Em março deste ano, o coronavírus já havia se espalhado pela maior parte dos países do globo e feito as primeiras vítimas no Brasil. Ao mesmo tempo em que a doença se alastrava, começaram a surgir pelos cinco continentes os chamados arautos do caos, um grupo de “pesquisadores” e “cientistas” especialistas em disseminar o medo numa velocidade maior — e sem dúvida muito mais devastadora — que a do próprio vírus.
Por sorte, a maioria das previsões não chegou nem perto de se realizar.
Dimas Covas, por exemplo, diretor do Instituto Butantã e um dos principais conselheiros do governador paulista, João Doria, sentenciou no dia 6 de abril que o vírus mataria nada menos do que 111 mil pessoas só no Estado de São Paulo até o fim de agosto. Neste 1º de setembro, são 30 mil mortos — 81 mil a menos que o previsto.
“Essa é uma curva que já apresentei anteriormente. Ela é importante porque dá uma projeção para 180 dias de duração da epidemia”, disse Covas em abril, antes de atirar a bomba. “Se não houvesse nenhum tipo de medida, nós teríamos 277 mil mortes no Estado de São Paulo. Com as medidas, vamos reduzir 166 mil mortes”.
Dimas Covas ainda não explicou a diferença abissal entre expectativa e realidade.
Outro que até o momento também não se deu ao trabalho de comentar a previsão de “um milhão de mortes em todo o Brasil até o fim de agosto” foi Átila Iamarino. Formado pela USP, o biólogo saiu do completo anonimato de mãos dadas com o vírus chinês.
“Se o Brasil não fizer nada, se as empresas continuassem funcionando em todos os lugares, se a gente não tivesse decretado estado de emergência, se todo mundo tivesse seguindo a vida normal, como alguns estão pregando, seguindo essa projeção aqui, só pela covid, teríamos 1,4 milhão de mortos até o fim de agosto” disse num vídeo publicado no youtube em 20 de março.
Seus mentores eram os pesquisadores de um também até então pouco conhecido Imperial College, que dias antes haviam feito previsões ainda mais sinistras para o Reino Unido e os Estados Unidos. Em 26 de março, empolgados com a repercussão, os ingleses resolveram ampliar o resultado de seus “estudos” para o resto do mundo.
Conclusão do Imperial College: em 250 dias — data que termina na próxima semana, 7 setembro —, o coronavírus mataria algo entre 1,8 milhão e 40 milhões de vítimas em todo o planeta Terra, dependendo do grau de confinamento estipulado pelos países. No Brasil, os óbitos ficariam entre 40 mil e 1,1 milhão.
Os números publicados neste 1º de setembro pela Universidade Johns Hopkins trucidam essas previsões. Somados, os mortos pelo coronavírus no mundo não chegaram a 850 mil. O número não corresponde nem a metade da estimativa britânica, a menos pessimista.
No Brasil, os mortos estão atualmente em 122 mil. O número, embora terrível, é muitíssimo inferior aos 1,1 milhão de cadáveres previstos no cenário mais pessimista do Imperial College.
Diante dos fatos reais, fica a pergunta: como alguém ainda leva esses arautos do caos a sério?
Artur Piva, Revista Oeste