Temos no STF um ministro que se destaca no ativismo contra o racismo, mas num passado recente exteriorizou algo que poderíamos classificar de racismo institucionalizado ao chamar o seu colega de "negro de primeira linha".
Temos no STF um ministro que não admite interferência na PF por parte do Presidente da República, mas num passado recente ele antecipou a imprensa uma operação da Lava Jato e há poucas semanas designou delegados específicos para atuar no inquérito da Fake News.
Temos no STF um ministro que se diz ofendido por conta de ter visto um vídeo do qual Abraham Weintraub disse que os ministros do STF deveriam ser presos, mas num passado recente esse mesmo ministro do STF disse que o Presidente da República "não está a altura do cargo" e, noutro momento, comparou ele a Hitler.
Temos no STF ministros que querem fazer uma devassa na vida do Presidente da República e seus aliados para tentar encontrar algo errado, mas não admitem que a Receita Federal verifique suas movimentações financeiras com suspeitas de incompatibilidade de renda, tendo punido os servidores da Receita por ter descoberto as irregularidades.
Temos no STF ministros que inadmitem a prisão de condenados até a finalização de todos os recursos cabíveis, mas que ao mesmo tempo mandam prender ativistas que exerciam seu direito da liberdade de expressão criando o crime de opinião e prisão política no Brasil.
Temos no STF uma fila gigantesca de processos criminais contra dezenas de políticos engavetadas há anos, mas a prioridade é cassar parlamentares sem nenhum histórico penal que se opõem ao sistema político corrupto que vigorou no país por anos.
Por fim, se temos no STF um ministro que José Dirceu chamou de "charlatão", outro que Renan Calheiros chamou de "chefete de polícia", outro que Marcelo Odebrecht chamou de "amigo do amigo de meu pai", outro que Saulo Ramos chamou de "juiz de merda", por que temos que confiar neles?
Pierre Lourenço. Advogado. Diretor Jurídico do INAD (Instituto Nacional de Advocacia)