O governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), manifestou indignação por ser alvo da Operação Placebo, classificada por ele como “ato de violência que o estado democrático de direito sofreu”, nesta terça-feira (26). O ex-juiz que virou político pregando moralidade chamou de fantasiosa a narrativa que resultou na determinação judicial de buscas e apreensões em seus endereços. Mas o Ministério Público Federal (MPF) diz que há “prova robusta de fraudes” e indícios da participação ativa do governador Witzel nos contratos suspeitos para o combate à pandemia da Covid-19.
As buscas realizadas por determinação do ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Benedito Gonçalves, são motivadas pela conclusão do MPF sobre o “provável envolvimento da cúpula do Poder Executivo fluminense” nos atos de corrupção investigados na área da saúde, na contratação organização social Iabas, que recebeu R$ 835 milhões para montar os hospitais de campanha, ainda não entregues.
“Eu tenho todo respeito ao ministro Benedito, mas a narrativa que foi levada ao ministro Benedito é fantasiosa. Não vão conseguir colocar em mim o rótulo da corrupção”, reagiu Witzel, em coletiva concedida no início desta tarde.
Em sua decisão, o ministro Benedito Gonçalves narra que “o MPF imputa indícios de participação ativa do governador do Estado quanto ao conhecimento e ao comando das contratações realizadas com as empresas ora investigadas”.
Ligações com a primeira-dama
Além do governador e do Iabas, a primeira-dama do Rio, Helena Witzel, também é alvo da investigação. Mais do que apenas uma investigada, a esposa de Wilson Witzel e vista pela Procuradoria Geral da República (PGR) como possível peça chave no esquema de corrupção.
Os investigadores citam que “novo compartilhamento de provas proveniente da Justiça Federal do Rio demonstra vínculo bastante estreito e suspeito entre a primeira-dama do estado e as empresas de interesse de M.P. (Mario Peixoto), em especial o contrato de prestação de serviços e honorários advocatícios entre seu escritório de advocacia e a empresa DPAD Seviços Diagnósticos LTDA”.
Outro ponto crucial para a autorização das buscas foi a localização de um e-mail enviado por um dos investigados com documentos relacionados a pagamentos para a esposa do governador.
Wilson Witzel alega ser vítima de “perseguição política” e sugeriu que outros governadores considerados inimigos do governo federal podem ser as próximas vítimas de operações. Mais cedo, nas redes sociais, o governador fluminense acusou o governo de Jair Bolsonaro de “oficializar”, com a operação de hoje, a interferência do presidente na Polícia Federal. E disse que a corporação “não pode ser a polícia política do governo Bolsonaro”.
“A Polícia Federal deveria fazer o seu trabalho com a mesma celeridade que passou a fazer aqui no estado do Rio de Janeiro. Porque o presidente acredita que eu estou perseguindo a família dele, e ele só tem essa alternativa de me perseguir politicamente”, completou o governador, na coletiva à imprensa.
Diário do Poder