Se aceitar voltar aos ringues, Mike Tyson, hoje com 53 anos, pode desembolsar mais de R$ 100 milhões. Estima-se que o Bare Knuckle Fighting ofereceu US$ 20 milhões para que Tyson enfrente o brasileiro Wanderlei Silva, em luta ainda sem data definida. Considerado de um dos maiores pugilistas da história, e também um dos mais bem pagos, Mike tem uma trajetória financeira de altos e baixos.
De origem humilde e difícil, nos Estados Unidos, Tyson já acumulou fortuna de US$ 685 milhões, segundo a Forbes, o que dá mais de R$ 3,6 bilhões hoje no Brasil. Mas o mito dos ringues sofreu da forma mais amarga o risco inato a jovens pobres que enriquecem no esporte sem educação financeira: faliu, em 2003, após anos de uma vida de gastos irrefreáveis.
As polêmicas marcam a vida de Mike antes e depois do seu “crash”. Em 1992 foi preso por estupro e, anos depois, protagonizou uma das cenas mais emblemáticas do boxe, quando mordeu a orelha de Evander Holyfield, em 1997.
Depois da falência, Tyson continuou lutando, mas aposentou as luvas em 2005. A retomada se deu, além da participação em filmes de sucesso como ‘Se Beber, Não Case!’, com negócios na produção de maconha, na Califórnia, que lhe renderiam, segundo o The Sun, mais de US$ 600 mil por mês.
Por que Tyson decretou falência
Dezessete anos separam a luta que tornou Mike, aos 20 anos, o mais jovem boxeador a vencer na categoria peso pesado do Conselho Mundial de Boxe (WBC), em 1986, até declarar US$ 23 milhões em dívidas apresentadas ao Tribunal de Falências dos Estados Unidos, em Manhattan, em 2003.
Após conseguir um patrimônio milionário desde que entrou pros ringues na década de 1980, aos 37 anos de idade, o atleta havia perdido patrimônio de mais de U$$ 400 milhões, segundo o The New York Times. Em uma conta simples, é como se ele tivesse gastado US$ 1,6 milhão por mês.
As extravagâncias de Tyson não se limitavam a casas e carros de alto luxo: já comprou uma banheira de ouro de US$ 2 milhões para a ex-esposa, e uma corrente de ouro de US$ 173 mil, forrada com 80 quilates em diamantes. Os caos financeiro foi além das compras e, devido às polêmicas dentro e fora dos ringues, atingiu sua equipe, advogados e até o fisco norte-americano.
Como o ex-atleta tenta retomar a fortuna?
Após falir, Tyson lutou por mais dois anos, quando se aposentou em 11 de junho de 2015 numa luta que perdeu para Kevin Mcbride. Desde então, se arriscou em várias vertentes. Considerado seu retorno, atuou no sucesso mundial “Se Beber, Não Case!”, em 2009, fez parceria com o Spike Lee, para um filme sobre o atleta, dançou na Broadway e lançou um livro.
Nos últimos anos, Mike chamou atenção pelos seus negócios com maconha. O atleta é sócio da Tyson Ranch, ao lado do ex-jogador de futebol americano Eben Britton. A empresa atua no comércio, produção e pesquisa de maconha, na Califórnia.
Segundo o The Sun, os negócios lucram 500 mil libras por mês, cerca de US$ 611 mil, com a venda de diferentes produtos a base da cannabis, como cepas comestíveis e extratos da erva. Desde 2018, a Califórnia legalizou o uso recreativo da maconha.
Mike está construindo, desde 2017, um resort de férias, que pretende oferecer uma experiência holística em torno do consumo da substância. O local, com mais de 170 hectares, deverá abrigar um hotel de luxo, um festival de música e a Universidade Tyson, que ensinará técnicas de cultivo da cannabis para futuros agricultores.
Com a possibilidade de voltar aos ringues, Mike pode acrescentar uma nova fonte de receita milionária. O presidente do Bare Knuckle Fighting, David Feldman, ofereceu US$ 20 milhões para o retorno do astro do boxe, para lutar contra o brasileiro Wanderlei Silva. Contudo, Tyson ainda não anunciou se aceitará o convite, apesar de ter aparecido recentemente nas redes sociais, treinando ao lado do também brasileiro Vitor Belfort.
Isaac de Oliveira, O Estado de São Paulo