sexta-feira, 7 de fevereiro de 2020

Resultados de Iowa têm erros evidentes

A divulgação dos resultados dos caucus de Iowa do Partido Democrata atrasou por "verificações de controle de qualidade" na noite de segunda-feira (3). Dias depois, essas questões não foram resolvidas.
Os resultados anunciados pelo Partido Democrata na quarta (5) estavam cheios de inconsistências e outros problemas. Segundo uma análise feita pelo The New York Times, mais de cem zonas eleitorais relataram números que eram internamente inconsistentes, nos quais faltavam dados ou que não eram possíveis sob as regras complexas das prévias. 

Funcionários trabalham em contagem de votos na Drake University, em Des Moines 
Tom Brenner/Getty Images/AFP
Em alguns casos, a contagem de votos não confere. Em outros, as zonas atribuíram o número errado de delegados a certos candidatos. E pelo menos em alguns casos os resultados relatados pelo Partido Democrata em Iowa eram diferentes dos informados pelas zonas. 
"Já chega. Tendo em vista os problemas que surgiram na implementação do plano de seleção de delegados e para garantir a confiança do público nos resultados, apelo ao Partido Democrata de Iowa para que inicie imediatamente uma revisão", disse Perez em uma postagem em redes sociais. 
Algumas das inconsistências detectadas pelo New York Times poderão ser inócuas, e as irregularidades não indicam um esforço intencional de comprometer ou manipular o resultado. Não há uma inclinação aparente em favor dos líderes Pete Buttigieg ou Bernie Sanders, o que significa que o efeito geral sobre a margem do vencedor poderá ser pequeno.
Mas nem todos os erros são insignificantes, e eles levantam perguntas sobre se um dia o público terá um relato totalmente preciso dos resultados de Iowa.
Com 97% dos resultados apurados e Sanders registrando apenas a 0,1 ponto percentual a mais que Buttigieg, a disputa poderá facilmente ficar apertada demais para que o menor erro atrase uma projeção final ou levante dúvidas sobre o vencedor declarado.
Os erros são detectáveis devido a mudanças no modo como o Partido Democrata em Iowa divulga seus resultados, implementadas depois que a campanha de Sanders criticou os resultados do caucus de 2016.
Neste ciclo, e pela primeira vez, a legenda publicou três conjuntos de resultados correspondentes a etapas diferentes do processo de caucus. As regras são complexas e minuciosas, e criam condições em que os resultados podem ser obviamente imprecisos ou inconsistentes em uma zona eleitoral
Primeiro, os participantes do caucus manifestam sua preferência por um candidato ao chegar, e esses votos são registrados em um "primeiro alinhamento".
Depois, os candidatos com pequeno apoio em uma seção, geralmente menos de 15%, são considerados inviáveis; seus apoiadores têm uma chance de se realinhar para apoiar um candidato viável. A preferência nesse ponto, também registrada, é chamada de alinhamento final.
Na etapa seguinte do processo, cada zona atribui delegados do condado com base na preferência final, e esses delegados são informados à mídia como "equivalentes a delegados estaduais", que se aproximam do número de delegados conquistado na convenção estadual.
Os caucus de cada zona eleitoral têm um número definido de delgados, mas um punhado de zonas alocou mais delegados equivalentes do que tinham disponíveis.
De fato, há dezenas de seções onde há discrepância entre a votação preferencial final e o número de delegados estaduais equivalentes atribuídos. Isso inclui mais de 15 casos em que um candidato recebeu menos delegados estaduais equivalentes que outro, apesar de receber mais votos no alinhamento final. Nesses casos, não está claro se os delegados estaduais ou os resultados do alinhamento final foram relatados com imprecisão.
O Partido Democrata em Iowa corrigiu alguns erros, mas estes se tornaram muito mais frequentes na quarta-feira conforme a contagem se arrastava. Na tarde daquele dia, o diretório estadual da legenda divulgou uma série de resultados que mostravam Deval Patrick vencendo na área central de Des Moines (capital). 
Os números estavam incorretos. Os votos de Sanders tinham sido relatados como de Patrick, enquanto os números de Elizabeth Warren foram para Tom Steyer.
Uma explicação plausível é que um funcionário do Partido Democrata acidentalmente copiou os resultados em uma coluna errada na planilha de algumas zonas. Tais erros ocorrem inevitavelmente em anotação manual de dados, mas o partido não parece ter mecanismos de verificação suficientes para garantir a precisão dos resultados. 
Não há motivo para acreditar que Sanders ou Buttigieg foram significativamente melhor nas zonas eleitorais contaminadas do que em outros lugares, seja no geral ou conforme suas características demográficas. Mas o resultado tabulado pode ser suficientemente apertado para que a ambiguidade impeça a projeção de um vencedor.
Tradução de Luiz Roberto Mendes Gonçalves

The New York Times