sexta-feira, 28 de fevereiro de 2020

Bolsas têm pior mês desde 2018; Ibovespa tem perda de 8,43%; Nova York, Londres, Frankfurt e Paris acumularam quedas entre 11% e 12,4%

Ao final de uma semana turbulenta como não se via desde a crise de 2008, o Ibovespa conseguiu defender a linha psicológica de 100 mil pontos. Após ter ido para o carnaval aos 113.681,42 pontos, o principal índice da B3 chega ao final da semana aos 104.171,57 pontos, uma alta de 1,15% no fechamento, que foi a máxima desta sexta-feira, 28. Na mínima do dia, o índice chegou aos 99.950,96 pontos.
Assim, fevereiro, com perda de 8,43%, foi o pior mês desde maio de 2018, quando o índice cedeu 10,87% - em certo momento do dia, quando se aproximavam de 12%, as perdas chegavam a ser as piores desde novembro de 2008.
Os três índices de Nova York e as referências europeias (Londres, Frankfurt e Paris) acumularam perdas de dois dígitos na semana, entre 11% e 12,4%.  
As bolsas de Nova York tiveram a pior semana desde a crise global de 2008, mesmo com uma leve recuperação dos índices acionários no final do pregão. O Dow Jones, o Nasdaq e o S&P 500 registraram queda semanal de 12,36%, 11,25% e 11,49%, respectivamente, e estão em território de correção.
Nesta sessão, ações defensivas, como Eletrobrás ON (+3,07%), ajudaram a mitigar o ajuste que chega de fora, em meio ao prosseguimento dos temores sobre o coronavírus. Muito descontadas, as ações de bancos como Bradesco ON (+2,40%), Itaú Unibanco PN (+2,99%) e Banco do Brasil ON (+2,34%) também contribuíram para dar resiliência ao Ibovespa neste último pregão da semana. Destaque para alta de 7,26% na MRV, na ponta do Ibovespa na sessão desta sexta-feira.
"Com mais volatilidade, os day traders (operadores de volatilidade) operam mais vezes durante a sessão, entrando e saindo, o que explica este aumento de volume financeiro que vimos na semana", diz Ari Santos, operador de renda variável da Commcor, referindo-se ao giro superior a R$ 30 bilhões em cada sessão do período - nesta sexta-feira, ficou em R$ 40,0 bilhões, o maior do período, após ter chegado a R$ 39,5 bilhões no dia anterior.
A perspectiva de que o Copom volte a cortar juros já em março, em meio aos sinais de desaquecimento da demanda em nível global, contribui para que investidores com caixa aproveitem descontos nas ações para reforçar posições.

Dólar

dólar bateu em R$ 4,51 nesta sexta, mas o ritmo de alta perdeu força na parte da tarde, em um movimento de realização de ganhos, enquanto a divisa americana seguiu subindo forte perante emergentes. Mesmo assim, a moeda americana teve a oitava sessão seguida de valorização e fechou em alta de 0,05%, a R$ 4,4785. 
Essa alta tem obrigado o Banco Central a agir. Somente nesta sexta, a instituição fez operações que somaram US$ 4,65 bilhões no mercado cambial, dos quais US$ 1 bilhão em dinheiro novo, por meio de oferta de contratos de swap (venda de dólar no mercado futuro). O dólar futuro para abril caiu 0,335, para R$ 4,4870. 
O dólar à vista subiu 1,95% na semana e 4,5% em fevereiro, isso depois de avançar 6,8% em janeiro. No ano, o dólar sobe 11,6% e o real tem o pior desempenho em uma cesta de 34 moedas. 
Em fevereiro, a divisa dos EUA renovou sucessivos recordes históricos aqui, em meio às preocupações com os efeitos do coronavírus na economia mundial, que tem contribuído para fortalecer o dólar. Internamente, tem contribuído para pressionar o câmbio os ruídos políticos do Planalto com o Congresso, indicadores mais fracos da atividade e a crescente busca por hedge no mercado cambial, por fundos, tesourarias e empresas.
Coronavírus
A Bolsa de Tóquio fechou a semana com forte desvalorização. Foto: Kimimasa Mayama/EFE

Luís Eduardo Leal e Altamiro Silva Junior, O Estado de S.Paulo