A gigante francesa Carrefour está em fase final de negociações para comprar a operação da rival Makro no País, apurou o Estadão com duas fontes próximas às negociações. As conversas, que já duram cerca de seis meses, voltaram a esquentar nas últimas semanas. O valor do negócio deve ser próximo de R$ 5 bilhões. Há a expectativa de que o fechamento possa ocorrer já na semana que vem.
Ao colocar o Makro para dentro de casa, o Carrefour vai reforçar a operação de seu atacarejo, o Atacadão (o negócio também é fruto de uma aquisição, feita em 2007). Essa bandeira vem respondendo pela maior parte dos resultados do grupo francês no Brasil. O Makro, que pertence ao grupo holandês SHV, tem atualmente 74 lojas no País, onde fatura mais de R$ 7 bilhões por ano.
Enfeitando a noiva
Desde 2018, o Makro vem "enfeitando" sua operação para garantir uma venda mais atraente. A decisão foi tomada porque, com o porte atual, a rede não tem fôlego suficiente para disputar o varejo de igual para igual com as gigantes de mercado. Para atrair interessados, a rede fez um esforço de reforma de algumas lojas, além de abrir suas unidades, antes voltadas apenas a sócios, para o público em geral.
Além disso, depois de muito tempo fora da mídia, o Makro fez uma grande campanha de mídia no programa Caldeirão do Huck, da Rede Globo. A companhia, que não aceitava cartões de crédito, fez parcerias com todas as bandeiras e passou a "convidar" o público pessoa física a comparecer a suas lojas. Ou seja: ficou cada vez mais parecida com rivais como o Atacadão e o Assaí, do Grupo Pão de Açúcar.
Nos resultados divulgados mais recentemente pelo Carrefour, as vendas líquidas do Brasil cresceram 8,1% no terceiro trimestre de 2019, na comparação com o mesmo período do ano anterior, alcançando R$ 13,8 bilhões. O lucro cresceu 21% entre outubro e dezembro, para R$ 430 milhões, mas o resultado ficou abaixo das expectativas de analistas.
Procuradas, as assessorias de imprensa do Carrefour e do Makro ainda não responderam aos pedidos de entrevista.
Fernando Scheller, O Estado de S.Paulo