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Mesmo com intervenção do BC, o dólar teve a menor cotação deste ano, de R$ 3,47 |
EULINA OLIVEIRA
ÉRICA FRAGA
Folha de São Paulo
ÉRICA FRAGA
Folha de São Paulo
Uma nova atuação agressiva do Banco Central não foi suficiente para impedir que o dólar comercial recuasse, voltando a atingir sua menor cotação do ano, R$ 3,477.
A queda foi motivada pela combinação entre a percepção entre investidores de que o impeachment da presidente Dilma Rousseff será aprovado e o otimismo do mercado global em relação à economia chinesa, depois da divulgação de dados positivos.
O movimento também levou o Ibovespa a subir mais de 2%, superando 53.000 pontos, seu maior nível desde 14 de julho de 2015.
Na contramão dessa tendência, a autoridade monetária realizou ontem cinco leilões de "swap" cambial reverso, o que equivale a comprar dólares no mercado futuro.
A operação, que somou US$ 5,250 bilhões, tem o efeito de frear a valorização do real. Na terça-feira (12), o BC já havia vendido valor recorde de US$ 8 bilhões em "swap cambial" reverso.
Segundo analistas, a atuação do BC pode ter três objetivos principais. Um deles seria sinalizar para o mercado que cotações por volta de R$ 3,50 não são altas o suficiente para pressionar a inflação nem tão baixas a ponto de prejudicar o setor exportador.
Outro possível motivo seria evitar que investidores que esperavam alta do dólar tenham grande prejuízo.
Segundo fontes do mercado, um número significativo de fundos e pelo menos uma grande empresa ainda tinham posições elevadas apostando na queda do real.
Além disso, a autoridade monetária pode estar aproveitando condições mais favoráveis para reduzir seu alto estoque de swap cambial.
A maior parte dos analistas acredita que a ação do BC está correta, pois evita movimentos exagerados da moeda e, ao mesmo tempo, permite diminuir o volume de swaps cambiais no mercado.
Outros, no entanto, criticam a decisão da autoridade monetária. Para eles, os swaps, por representarem uma posição vendida em dólar, são um contraponto ao elevado volume de reservas internacionais do país. Portanto, diminuem o custo fiscal de manutenção dessas reservas, que é alto.
Apesar da forte atuação da autoridade monetária, o dólar comercial recuou 0,48%. A moeda americana à vista terminou em queda de 0,07%, cotada a R$ 3,5364.
O otimismo de investidores –que apostam que as chances de impeachment aumentaram e que a economia pode melhorar com a saída de Dilma Rousseff– se refletiu em outros mercados, além do cambial e do acionário.
Os juros futuros recuaram, assim como o CDS (credit default swap), indicador da percepção de risco do país.
Dados favoráveis da balança comercial chinesa contribuíram para o otimismo no mercado doméstico, ao diminuírem o temor de desaceleração brusca da segunda maior economia do mundo.