Para Fernando Henrique Cardoso, o esforço do PSDB para prejudicar Dilma Rousseff deveria ter pelo menos dois limites: a coerência e o interesse público. FHC abespinhou-se com os tucanos que votaram a favor da derrubada do veto de Dilma ao projeto que acabava com o fator previdenciário —uma ferramenta criada no governo do PSDB, para retardar as aposentadorias e atenuar o déficit da Previdência. “Na minha opinião, nós temos que pensar no futuro do país”, disse o sábio da tribo tucana. “Há outras matérias que você pode votar contra.”
Para derrubar o veto de Dilma, a oposição pecisava de 257 votos. Obteve apenas 205, dos quais 50 vieram da bancada federal do PSDB. Entre os tucanos presentes à sessão que terminou na madrugada de quinta-feira, apenas um votou a favor da manutenção do veto de Dilma, como queria FHC. Chama-se Samuel Moreira (SP).
Numa conta feita pelo governo, a eventual derrubada do veto referente ao fator previdenciário elevaria as despesas da já deficitária Previdência em R$ 883 bilhões. FHC já havia criticado os tucanos por ajudar a aprovar a proposta que Dilma vetou. Disse que o gesto “abalava o prestígio” do PSDB e agravava o quadro de deterioração fiscal do governo.